A cidade de São Paulo recebe, entre os dias 20 e 26 de fevereiro, uma mostra cinematográfica para expor o trabalho do cineasta da República Democrática do Congo Dieudo Hamadi, premiado em diversos países da África, França e Canadá.
“A população brasileira tem pouco acesso à filmografia produzida na África, em geral. Ao falarmos sobre o cinema da República Democrática do Congo, o desconhecimento é ainda maior”, afirma a SPCine, organizadora do evento “Kilimanjaro Cinema: Dieudo Hamadi – o gigante cinema do Congo”.
Segundo a SPCine, as produções de Hamadi “se assemelham aos filmes produzidos no Brasil em muitos aspectos”, especialmente por mostrarem “com delicadeza as condições políticas e sociais da República Democrática do Congo”.
Entre as apresentações durante a semana no Circuito SPCine, está o filme Exame de Estado (2023), que mostra a realidade competitiva do sistema educacional do país. Durante as gravações, alunos e professores se permitiram filmar em situações reais, na cidade de Kisangani.
Após o evento presencial, os filmes de Hamadi poderão ser assistidos na mostra on-line, disponível na SPCINE, de 27 de fevereiro a 6 de março.
Quem é Dieudo Hamadi?
Dieudonné Hamadi nasceu em Kisangani, na República Democrática do Congo, em 22 de fevereiro de 1984. Formou-se em cinema participando de oficinas documentárias e cursos de edição em seu país e na Bélgica. Durante sua formação, produziu curtas premiados que chamaram a atenção de festivais desde o início de sua carreira.

Filmes do cineasta Dieudonné Hamadi, da República Democrática do Congo, chegam a São Paulo
Conheça suas obras
Damas em espera: Muitas mulheres não podem deixar o hospital após o parto porque não conseguem pagar a conta do hospital. Em uma maternidade em Kinshasa [capital da República Democrática do Congo]. Mães que acabaram de dar à luz aguardam autorização para sair.
Tolerância Zero: Como arma de guerra, o estupro teve muita atenção principalmente nas recentes guerras do Congo. Menos discutido é o legado que deixou para trás: uma aceitação insensível ao abuso de mulheres nas mãos de criminosos, oportunistas e homens comuns. O documentário de Hamadi pretende ir direto ao cerne da questão, acompanhando a prisão de um grupo de jovens que agride uma mulher que voltava do comércio. O foco de Hamadi é uma comunidade rural, onde o politicamente correto não tem influência. O cineasta tenta mostrar a profundidade do problema e as tentativas das autoridades de redefinir o código moral nacional.
Atalaku: No cemitério de Kinshasa, alguns jovens se posicionam em relação ao processo democrático mais instável possível: a eleição presidencial no Congo. Durante a campanha presidencial de 2011 no Congo, um pastor vende seus serviços como artista de rua para o candidato com mais chances de vencer.
Exame de Estado: Joel carrega uma pilha de caixas em um carrinho de mão e abre caminho por um mercado ao ar livre lotado em Kisangani, uma das maiores cidades da República Democrática do Congo. Órfão que mora com a tia, Joel não quer ser mensageiro para sempre. Mas se ele quiser ter alguma esperança de um futuro melhor, deve primeiro passar no exame nacional – a chave para um melhor emprego e uma educação pós-secundária. E para fazer o exame, ele precisa de dinheiro. Em Kisangani, um grupo de alunos do ensino médio na mesma condição que Joel se organiza para se prepararem juntos para o exame estadual. O esperado futuro de uma geração com foco no exame estadual que, para milhares de jovens congoleses é a oportunidade de ascensão no país. Os desafios desses exames permitirão um olhar incisivo sobre a sociedade congolesa atual e as realidades de um país que sofre com seu passado colonial e ditatorial .
Mamãe Coronel: A Coronel Honorine Manyole, mais conhecida como “Mama Coronel”, trabalha para a polícia congolesa e chefia a unidade de proteção e combate à violência sexual contra menores. Depois de trabalhar 15 anos em Bukavu, no leste da República Democrática do Congo, ela descobre que foi transferida para Kisangani. Lá, ela se depara com novos desafios. Através do retrato desta mulher extraordinariamente corajosa e tenaz, que luta para que a justiça seja feita, este filme aborda a questão da violência contra mulheres e crianças na República Democrática do Congo e a dificuldade de superar a guerra passada.
Kinshasa Makambo: Centenas de jovens revolucionários saem às ruas de Kinshasa quando Joseph Kabila, presidente da República Democrática do Congo, se recusa a renunciar ao poder no final de seu segundo mandato. Os protestos são recebidos com violência, mas a luta por eleições livres e democracia não pode ser reprimida. Christian, Ben e Jean-Marie lutam pela mudança política e pela realização de eleições livres em seu país, a República Democrática do Congo. Mas o presidente se apega ao poder… Como mudar o curso dos acontecimentos?
Downstream to Kinshasa: Durante seis dias sangrentos em junho de 2000, a cidade congolesa de Kisangani foi palco de violência mortal entre os exércitos de Uganda e Ruanda. Mais de 10.000 projéteis explodiram, matando milhares e ferindo outros milhares. Desde então, as vítimas da Guerra dos Seis Dias lutam por reconhecimento e compensação. Uganda foi considerada culpada de crimes de guerra pela Corte Internacional de Justiça, mas as vítimas permanecem sem compensação décadas depois.
Serviço
Kilimanjaro Cinema: Dieudo Hamadi – o gigante cinema do Congo
Organização: SPCine
Apoio: Embaixada da França, Instituto francês e Cinemateca da Embaixada da França
Local: Sala Circuito Spcine CC Olido (Avenida São João, 473. São Paulo – SP)
Confira agenda detalhada da mostra cinematográfica
20/02/2025:
16h – Damas em Espera
16h30 – Tolerância Zero
18h – Atalaku
21/02/2025:
16h – Exame de Estado
18h – Mamãe Coronel
22/02/2025:
16h – Kinshasa Makambo
18h – Mamãe Coronel
23/02/2025:
16h – Downstream to Kinshasa
18h – Atalaku
26/02/2025:
16h – Exame de Estado
18h – Kinshasa Makambo