Brasil usa BRICS para promover COP30 e soluções contra mudanças climáticas
A Opera Mundi, André Corrêa do Lago, que preside conferência do clima, disse que país ‘mostrará que mundo está pronto para transição’
O Fórum Empresarial do BRICS deste sábado (05/07), no Rio de Janeiro, foi marcado pelo compromisso do Brasil em abordar o desenvolvimento econômico sustentável e a cooperação entre os países membros do bloco.
Chamou a atenção o fato de que os participantes do evento mencionaram diversas vezes a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, que será sediada também no Brasil, em Belém do Pará, durante o mês de novembro.
O presidente do Conselho Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, que abriu o painel, comentou sobre “surpresas” que a conferência climática trará em novembro.
Nos bastidores, questionado por Opera Mundi sobre quais são essas “surpresas” mencionadas, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, explicou que se tratam de soluções desenvolvidas especificamente “dentro do Brasil” frente aos problemas do meio ambiente compartilhados, em especial, pelas nações do Sul Global.
“O mundo não sabe quantas já foram desenvolvidas aqui e que vamos divulgar em breve”, afirmou o diplomata, sem fornecer mais detalhes. “A COP30 será a ocasião da gente mostrar que o mundo já está pronto para a transição”.
O Fórum Empresarial do BRICS, que antecede a cúpula de chefes de Estado prevista para os próximos dois dias, reuniu lideranças empresariais, autoridades governamentais e especialistas dos países que integram o bloco, focando em temas essenciais para o desenvolvimento econômico sustentável.
Em sua exposição, Alban destacou que o BRICS precisa de “soluções compartilhadas para problemas contemporâneos”, ao apontar que a entrada de novos integrantes, com suas respectivas complementaridades econômicas, capacita o aumento no volume de negócios, parcerias e investimentos no bloco sob a perspectiva “Sul-Sul”, termo usado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin momentos depois.
“Nesse tempo interfiador marcado por conflitos geopolíticos, emergências climáticas e novidades tecnológicas, o Brasil ocupa uma posição singular na diplomacia econômica e na governança global. Em 2024, liderando o G20. Neste ano, prevemos o BRICS e, em novembro, seremos a sede da 30ª Conferência Nacional das Nações Unidas sobre Mudança do Clima”, pontuou.

Fórum Empresarial do BRICS em 2025
Fernando Frazão/Agência Brasil
Fome, energia e clima
Por sua vez, o vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin mencionou os “três grandes debates planetários”, ao afirmar que o governo Lula tem demonstrado empenho nessas questões. São elas: segurança alimentar, segurança energética e combate às mudanças climáticas.
A autoridade enfatizou que o Brasil é líder global na exportação de alimentos, acrescentando que “o presidente Lula acabou de lançar um Plano Safra recorde”. Segundo o vice-presidente, o país sul-americano “ainda pode ter mais de 10% de aumento da Safra da agropecuária neste ano”.
Em relação à segurança energética, detalhou que o governo brasileiro detém 85% da energia elétrica limpa e renovável, além de sustentar um compromisso com a energia limpa.
“O presidente Lula acabou de assinar o aumento do etanol de 27% para 30%. E do biodiesel, de 14% para 15%. O Brasil tem tudo para ser um dos grandes na produção de SAF (Sustainable Aviation Fuel), ajudando na questão da descarbonização”, explicou.
Sobre as mudanças climáticas, Alckmin apontou que a gestão brasileira conseguiu inverter a curva do desmatamento, e que a meta é zerar o desmatamento ilegal, recuperando “a maior floresta tropical do mundo, que sediará a COP30”.
Lula confirma ida à Malásia
Ao lado do primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que realizará uma viagem ao país asiático para participar da 47ª Cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), em outubro próximo.
“Já quero dizer que os empresários brasileiros precisam se preparar para viajar para a Malásia”, disse o mandatário “Quem quer vender, vai. Quem quer comprar, vai. Se ficar esperando a coisa, não acontece. Por isso eu queria, de coração, agradecer a presença aqui do primeiro-ministro da Malásia”.
Em seu discurso, Lula também mencionou a COP30 e reforçou o comprometimento brasileiro com a promoção de uma “transição ecológica justa e inclusiva”.
“O Brasil prevê redução entre 59% e 67% das emissões de gás. Nosso país já está entre os maiores investidores de energia renovável no planeta. Um imenso potencial para produzir combustíveis, baterias, placas solares, e turbinas eólicas”, explicou, afirmando ser essencial a parceria estabelecida com o setor privado para qualificar todas as etapas da cadeia de recursos.