Chanceler do Irã critica BRICS por defender solução de dois Estados para Palestina
Segundo Abbas Araqchi, proposta é ‘promessa inatingível’, e que ‘retórica ajuda Israel a ganhar tempo enquanto avança sua ofensiva colonial’ sobre Gaza e Cisjordânia
O chanceler do Irã, Seyed Abbas Araqchi, na condição de líder da delegação do seu país na 17ª Cúpula de Chefes de Estado do BRICS, no Rio de Janeiro, demonstrou neste domingo (06/07) a postura crítica da República Islâmica a respeito da decisão tomada pela maioria dos representantes do evento de apoiar a solução de dois Estados como forma de colocar um fim definitivo na ofensiva de Israel sobre os territórios palestinos.
Segundo o diplomata iraniano, a solução de dois Estados é uma “promessa inatingível”, sobretudo, segundo ele, pela “falta de vontade de Israel em fazer esse reconhecimento”.
“Ao longo dos anos, essa suposta solução apenas serviu de cobertura para a opressão contínua do povo palestino. Enquanto isso, o regime israelense continua sua ofensiva colonial sobre os territórios de Gaza e da Cisjordânia, e para aniquilar completamente a Palestina”, afirmou Abbas Araqchi.
O chanceler concluiu dizendo que “é por essa razão que a República Islâmica do Irã expressa sua reserva sobre a ideia de uma solução de dois Estados na declaração final dos líderes do BRICS e registrará essa reserva por meio do envio de uma nota”.

Chanceler do Irã criticou declaração final da Cúpula do BRICS
Alex Ferro / BRICS Brasil
A declaração final da Cúpula de Chefes de Estado do BRICS defende, em um de seus artigos, a “adesão plena do Estado da Palestina às Nações Unidas no contexto do compromisso inabalável com a solução de dois Estados”.
Segundo o documento, a solução de dois Estados seria uma proposta de manutenção do Estado de Israel, já reconhecido internacionalmente, junto à criação do Estado da Palestina, que já é reconhecido por mais de 100 países, mas carece da homologação disso por entidades multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Israel e EUA
Em outro momento da participação iraniana na cúpula, Araqchi fez outra referência a “dois Estados”, desta vez Israel e os Estados Unidos, para criticar os ataques que os dois países promoveram contra Teerã durante o mês de junho.
“Peço a todos que compreendam verdadeiramente a profundidade e a repulsa dessa ilegalidade, e as consequências extremamente perigosas da impunidade contínua do regime israelense em sua ocupação, apartheid, genocídio e belicismo em nossa região”, ressaltou o diplomata.
Com informações de Tasnim e Al Jazeera.