A Argentina, sob a liderança de Javier Milei, foi o último dos 19 países integrantes do G20 que a integrar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Até sua adesão, 81 países já haviam aderido à iniciativa.
A aliança é a principal proposta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva durante a cúpula das maiores economias do mundo, que está acontecendo no Rio de Janeiro este ano.
Milei participa pela primeira vez do G20, apenas uma semana após sua visita à Flórida para se encontrar com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Conforme apuração do UOL, até o último domingo (17/11), o governo brasileiro ainda esperava que a Argentina se alinhasse à proposta, uma vez que o país não havia manifestado objeção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1 e 2 da Agenda 2030 da ONU, que se referem à erradicação da fome e da pobreza.
O documento da Aliança Global carrega um forte simbolismo no combate à fome, e a recusa da Argentina em aderir refletiria a postura do governo de Milei em relação ao Brasil de Lula. Desde sua eleição em 2023, a tendência do governo argentino tem sido de se distanciar de políticas historicamente alinhadas ao país.
Sob a presidência de Milei, a Argentina tem adotado atitudes contrárias em fóruns multilaterais, incluindo no G20, no qual tem obstruído as negociações para a declaração final dos líderes.
O jornal argentino Clarín destacou que “Milei se opõe ao que ele chama de ‘agenda woke’ do multilateralismo”. Na semana passada, o presidente retirou sua delegação das negociações durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), realizada em Baku.
Durante a cúpula do G20, negociadores das delegações passaram horas discutindo o conteúdo da declaração final, que será divulgada na terça-feira (19/11).
Embora os diálogos tenham avançado, a imprensa argentina tem apontado que o país tem sido um obstáculo em questões como a taxação dos super-ricos, a Agenda 2030 da ONU e as questões de gênero.
“A cúpula do G20 pode ser mais uma reunião de um órgão multilateral prejudicada pela posição do presidente argentino”, afirmou o veículo Página/12, na manhã desta segunda-feira (18/11).
Além do incidente em Baku, a Argentina também se absteve de assinar acordos relacionados a mulheres, fortalecimento da democracia e desenvolvimento sustentável na XXIX Cúpula Ibero-Americana, que aconteceu na semana passada no Equador.
Agenda de Javier Milei no Brasil
Milei permanecerá no Rio de Janeiro até terça-feira para a cúpula do G20 e deverá se reunir com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga. No dia da sua partida, ele também terá uma aguardada reunião bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping. Por sua parte, o governo argentino não solicitou encontro bilateral com o presidente brasileiro.
Adesão à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já contava com a adesão de 81 países até o último domingo, praticamente o dobro dos 41 que haviam se juntado até a última sexta-feira (15/11), quando o governo brasileiro iniciou uma rodada para buscar novas adesões.
O Brasil espera que o número de países participantes chegue a 100.
Confira a lista completa dos países que já aderiram à Aliança:
1. Alemanha
2. Angola
3. Antígua e Barbuda
4. África do Sul
5. Arábia Saudita
6. Argentina
7. Armênia
8. Austrália
9. Bangladesh
10. Benin
11. Bolívia
12. Brasil
13. Burkina Faso
14. Burundi
15. Camboja
16. Chade
17. Canadá
18. Chile
19. China
20. Chipre
21. Colômbia
22. Dinamarca
23. Egito
24. Emirados Árabes Unidos
25. Eslováquia
26. Estados Unidos
27. Espanha
28. Etiópia
29. Federação Russa
30. Filipinas
31. Finlândia
32. França
33. Guatemala
34. Guiné
35. Guiné-Bissau
36. Guiné Equatorial
37. Haiti
38. Honduras
39. Índia
40. Indonésia
41. Irlanda
42. Itália
43. Japão
44. Jordânia
45. Líbano
46. Libéria
47. Malta
48. Malásia
49. Mauritânia
50. México
51. Moçambique
52. Myanmar
53. Nigéria
54. Noruega
55. Países Baixos
56. Palestina
57. Paraguai
58. Peru
59. Polônia
60. Portugal
61. Quênia
62. Reino Unido
63. República da Coreia
64. República Dominicana
65. Ruanda
66. São Tomé e Príncipe
67. São Vicente e Granadinas
68. Serra Leoa
69. Singapura
70. Somália
71. Sudão
72. Suíça
73. Tadjiquistão
74. Tanzânia
75. Timor-Leste
76. Togo
77. Tunísia
78. Turquia
79. Ucrânia
80. Uruguai
81. Vietnã
82. Zâmbia
83. União Africana
84. União Europeia
(*) Haroldo Ceravolo Sereza e Rocio Paik são enviados especiais ao G20.