A informação havia sido divulgada inicialmente pela agência de notícias norte-americana Bloomberg.
“A declaração de alguns órgãos de imprensa segundo a qual a Turquia preparou uma proposta para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia e que este plano será partilhado na cúpula do G20 não é verdade”, afirmou a diretoria de comunicação da presidência da República de Ancara.
A proposta de Erdogan, segundo o veículo, incluiria a não adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por um período mínimo de 10 anos. Além disso, o plano iria propor a criação de uma zona desmilitarizada na região de Donbas, que está em disputa desde 2014, e o envio de tropas internacionais para monitorar e proteger a área.
Conforme o documento, “a Turquia apoia iniciativas diplomáticas destinadas a acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas as partes relativas ao governo turco nas notícias em questão não refletem a verdade”.
A proposta divulgada pela Bloomberg surgiria em um contexto delicado, com os países da Otan se preparando para a possível presidência de Donald Trump, que muitos temem que pressione a Ucrânia a encerrar o conflito de forma rápida, mesmo que isso envolva concessões territoriais à Rússia.
Putin e Zelensky de fora da Cúpula do G20
Paralelamente, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, conversou com Erdogan, antes do início da primeira sessão plenária da cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
Em uma gravação de vídeo do evento, Lavrov, que lidera a delegação russa sob instruções do presidente russo Vladimir Putin, e Erdogan apareceram sentados um ao lado do outro enquanto mantinham uma breve conversa, informou a agência Tass.
A Cúpula de Líderes do G20 ocorre, a partir desta segunda-feira (18/11), no Rio de Janeiro, sem a presença de Putin, que não comparecerá devido a um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é signatário, no ano passado.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também não estará presente no evento, uma vez que não foi convidado.
No último sábado (16/11), Zelensky afirmou que a Ucrânia deve buscar todas as opções diplomáticas possíveis para encerrar a guerra até 2025, após uma conversa telefônica entre o chanceler alemão Olaf Scholz e Putin.
Durante a conversa, Scholz condenou a guerra e pediu à Rússia que iniciasse negociações com a Ucrânia para alcançar uma “paz justa e duradoura”.
Reagindo ao telefonema entre os líderes, Zelensky afirmou que tal diálogo poderia abrir uma “caixa de Pandora” para um envolvimento mais profundo do presidente russo na solução diplomática.
Anteriormente, em meio às perspectivas de uma eleição de Trump, Kiev já havia solicitado aos seus aliados uma estratégia de “paz por meio da força”, buscando aumentar a pressão sobre a Rússia para que aceite um cessar-fogo e negocie um acordo com a Ucrânia.
(*) Haroldo Ceravolo Sereza e Rocio Paik são enviados especiais ao G20.
(**) Com Ansa.