A Cúpula do G20, presidida pelo Brasil neste ano, promete realizar o “maior esforço coletivo da história” visando erradicar problemas sociais, em especial, a fome e a pobreza extrema.
Para essa finalidade, o governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira (15/11) um movimento colaborativo chamado de “Sprints 2030”, no âmbito do G20 Social, no Rio de Janeiro.
O G20 é, atualmente, um dos principais fóruns de cooperação econômica internacional. Ele representa 19 das maiores economias do mundo (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) mais a União Africana e a União Europeia. Sua criação aconteceu em 1999, depois de diversas crises financeiras da década de 1990.
O anúncio da iniciativa que reúne 41 governos nacionais, 13 organizações internacionais públicas e instituições financeiras, 19 grandes instituições filantrópicas, organizações da sociedade civil, ONGs e outras entidades sem fins lucrativos, antecede a vinda das lideranças do exterior ao país para consolidar o lançamento da “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, na próxima segunda-feira (18/11).
“Enquanto houver famílias sem comida em suas mesas, crianças pedindo nas ruas e jovens sem esperança de um futuro melhor, não haverá paz. O mundo produz comida suficiente para todos, e sabemos pela experiência que uma série de políticas públicas bem desenhadas, como as transferências de renda, como o Bolsa Família, e as refeições escolares nutritivas para as crianças têm o potencial de acabar com a fome e restaurar a esperança e a dignidade das pessoas”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Brasil exerce a presidência do G20 de 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024. Sob a direção de Lula, o G20 pretende alinhar as instituições e garantir financiamentos que viabilizem as políticas de combate à fome. Parte dos recursos virá do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que anunciou empréstimos de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 150 bilhões) para as ações relativas à aliança contra a fome.
“Com o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o Brasil está liderando uma plataforma global para implementar políticas públicas destinadas a erradicar a fome e a pobreza em todo o mundo. O BID tem orgulho de se juntar a essa aliança. Estamos totalmente comprometidos com sua missão e seus objetivos. Juntos, temos o poder de acabar com a pobreza extrema na América Latina até 2030”, disse Ilan Goldfajn, presidente do BID.
Saiba quais são os principais objetivos dos “Sprints 2030”:
Ampliar as transferências de renda e alcançar 500 milhões até 2030
Programas de transferência de renda serão ampliados com novos compromissos de países como Togo, Chile e Nigéria, entre outros, com o objetivo de estender benefícios a famílias de baixa renda e grupos marginalizados.
A iniciativa também prevê oferecer conhecimento, apoio técnico e financeiro às nações que estão desenvolvendo seus programas de transferência de renda, garantindo apoio para os mais necessitados como por meio da criação de sistemas de pagamento digital e registros sociais.
Alimentar 150 milhões de crianças diariamente com merendas nutritivas
A meta é dobrar o número de crianças que recebem refeições escolares diárias em países de baixa renda, atingindo 150 milhões até 2030. Destaca-se a Indonésia, que se comprometeu com um novo programa de merendas escolares nutritivas em larga escala, podendo alcançar quase 78 milhões de crianças até 2029.
A Nigéria, com o maior programa de refeições escolares da África, dobrará sua cobertura para 20 milhões de crianças e integrará fazendas escolares para apoiar a produção local de alimentos.
Ao mesmo tempo, bancos de desenvolvimento multilaterais, organizações internacionais, doadores e fundações estão apresentando uma nova forma de trabalho mais estruturada, que proporcionará apoio mais consistente a esses e outros governos implementadores ao aproveitar as forças uns dos outros.
Inclusão socioeconômica
O objetivo é ajudar 100 milhões de pessoas a saírem da pobreza, provendo suporte que inclua orientação, microcrédito e treinamento. Entre outros compromissos, o novo “Programa Acredita” do Brasil prevê oportunidades de emprego ou empreendedorismo para 6 milhões de pessoas, enquanto o Quênia expandirá seu Programa de Inclusão Econômica para 25 condados, visando 50 mil famílias.
A Parceria para Inclusão Econômica (PEI), hospedada pelo Banco Mundial, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) podem direcionar bilhões de dólares em programas de inclusão econômica liderados por governos, enquanto organizações sem fins lucrativos podem fornecer uma gama de expertise, insights e conhecimentos para maximizar o impacto.
Apoio à agricultura familiar
O Brasil se comprometeu, em parceria com as agências da ONU (FAO, IFAD, e PMA), para lançar uma iniciativa de cooperação Sul-Sul que conectará agricultores familiares a programas locais de merenda escolar.
França, Alemanha, Noruega, Reino Unido e a União Europeia reafirmaram suas ações para avançar na implementação de programas de apoio à agricultura familiar e de pequenos produtores em todo o mundo.
Entre os compromissos, estão o do Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP), que prevê disponibilizar até US$ 182 milhões em financiamento para combater a fome e a pobreza nos países mais vulneráveis, e o do FIDA, que busca dobrar seu impacto até 2030, por meio de um programa de trabalho de US$ 10 bilhões até 2027.
Acesso à água para comunidades vulneráveis
Brasil, Bolívia e Senegal, entre outros governos, comprometeram-se a ampliar soluções de cisternas e irrigação, com o governo boliviano investindo em sistemas de irrigação avançados para aumentar a produtividade das colheitas.
O governo brasileiro considera essencial a solidariedade Sul-Sul nesta iniciativa, que visa reduzir a vulnerabilidade aos choques climáticos e reforça a produção agrícola em áreas rurais, utilizando tecnologias sociais enraizadas em conhecimentos tradicionais e populares, de baixo custo, mas impactantes para a vida das famílias pobres.