O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na segunda-feira à noite (18/11) que seu país se unirá à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada na Cúpula dos líderes do G20, no Museu da Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Durante o programa Zona Digital da TV La Iguana, Maduro afirmou concordar com “cada palavra do discurso inaugural” de seu homólogo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e classificou seu discurso como “histórico”.
“Eu disse ao ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, para ligar para o ministro das Relações Exteriores do Brasil e dizer a ele que a Venezuela concorda com a abordagem do presidente”, afirmou Maduro. “E estamos preparados, modestamente, com nossa experiência dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), do Programa de Alimentação Escolar (PAE), dos programas de alimentação criados desde o comandante Chávez para nos juntarmos à grande Aliança contra a Fome e a Pobreza, convocada pelo presidente Lula da Silva”.
O mandatário venezuelano enfatizou que o petista realizou uma “avaliação extraordinária do mundo de 16 anos atrás” para encabeçar o projeto global. Lula iniciou sua exposição lembrando o envolvimento do G20 no controle da crise econômica de 2008, mencionando que “ações oportunas” na ocasião evitaram que o problema tomasse proporções mais catastróficas. Mas Lula também afirmou que houve uma decisão equivocada de investir mais nas empresas privadas do que no Estado, o que impediu que as diferenças sociais se reduzissem.
Maduro ainda expressou o mesmo questionamento realizado por seu homólogo brasileiro, criticando os gastos exuberantes em guerras enquanto a fome persiste. “Como vai haver mais fome, mais pobreza? Quanto é gasto na guerra? Como pode haver mais guerras e ameaças?”, disse.
82 países já haviam aderido
Até ontem, o G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia, contabilizava a adesão oficial de 82 à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma das principais propostas da presidência do Brasil no G20. A reunião de cúpula no Rio marca o fim da presidência brasileira, que será assumida, agora, pela África do Sul.
“Enquanto houver famílias sem comida na mesa, crianças mendigando nas ruas e jovens sem esperança de um futuro melhor, não haverá paz. Sabemos, por experiência própria, que uma série de políticas públicas bem elaboradas, no estilo de programas de transferência de renda, como a ‘Bolsa Família’, e uma alimentação escolar nutritiva para as crianças têm a capacidade de acabar com o flagelo da fome e devolver esperança e dignidade ao povo”, disse o chefe de Estado brasileiro no primeiro e marcante discurso da cúpula.
A Argentina, sob a liderança de Javier Milei, foi o último dos 19 países integrantes do G20 a endossar a iniciativa.
O presidente argentino, que participa pela primeira vez do evento internacional, havia acabado de realizar uma visita à Flórida para se encontrar com Donald Trump, eleito recentemente nos Estados Unidos.
Sua demora à adesão foi justificada posteriormente pelo ministro brasileiro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, em coletiva, que afirmou que Milei estava em “processo de entendimento” em decorrência da situação economicamente desfavorável de seu país.
A declaração final consentida pelos líderes do G20 defende, entre diversas pautas, a taxação dos super-ricos, o compromisso em erradicar a fome e a pobreza, a sustentabilidade, a regulação das mídias sociais e a autodeterminação do povo palestino.