O ministro brasileiro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, explicou nesta segunda-feira (18/11) que a Argentina estava “em processo de entendimento” para manifestar sua adesão ao compromisso da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o que teria justificado o atraso em sua declaração final.
A posição foi dada em coletiva de imprensa, no âmbito da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. “A Argentina participou desde o primeiro momento em reuniões do Brasil, participou da construção, esteve em outros fóruns do Mercosul. O presidente Milei ainda estava num processo de entendimento, de diálogo. Em seguida saiu a atualização, não só como um país Argentina, mas com organismos internacionais”, disse.
O ministro acrescentou que apesar da posição do mandatário argentino em defender princípios como o “liberalismo e solução de mercado”, suas propostas condizem com os termos da Aliança, como “qualificação, emprego e apoio ao empreendedorismo”.
Nesse sentido, não mencionou nenhuma crise diplomática. Avaliou que a demora para a adesão ao projeto global teria sido atribuído à situação economicamente desfavorável da Argentina, descrevendo que o país apresenta uma pobreza “entre os mais baixos da nossa região e do mundo”.
“A não saída da primeira relação foi somente porque ainda tinha um processo de diálogo em andamento. Imediatamente após a confirmação da presença da Argentina, a organização fez uma publicação atualizando a relação dos países”, concluiu.
Contribuições para a Aliança Global
Durante a coletiva, Dias anunciou uma novidade. Ao destacar que as ações práticas do projeto global começam a partir de sua oficialização nesta segunda-feira, a Aliança Global será operada em diversos locais, incluindo na sede do Banco Central, em Washington; na sede das Nações Unidas (ONU) do continente europeu, em Roma; na Etiópia; e em Brasília.
Até agora, 82 países já formalizaram a adesão à Aliança Global, contando também com a presença de organismos internacionais e agentes financeiros que somam outras 60 participações no projeto.
Segundo o ministro, há dois blocos que se entendem como essenciais para combater a fome e a pobreza a nível mundial. As contribuições que o governo brasileiro considera primordiais envolvem não somente os recursos financeiros, mas também o conhecimento.
“Uma é para a própria governança da Aliança, que já tem orçamento para até 2030. Aqui o Brasil já assumiu o compromisso, já encaminhou para o Congresso para que o país garanta 50% do custo do funcionamento dessa governança”, explicou Dias, acrescentando que países como Espanha, Finlândia e Noruega também já anunciaram suas contribuições.
O ministro chamou a atenção para o Banco Mundial, que reservou US$ 9 bilhões em investimentos para pequenos agricultores, com foco na perspectiva de modernização. O órgão financeiro também se comprometeu em destinar outros bilhões como forma de empréstimo, enquanto outra parte como recursos não reembolsáveis. Os números para estes dois últimos ainda devem ser apresentados em dezembro.
“Os países ao apresentarem sua declaração de participação na Aliança, imediatamente a primeira providência é apresentar o plano para redução da pobreza, da insegurança alimentar. Neste plano, a novidade é que a partir de uma discussão com cerca de 54 delegações que se somaram aqui com os países do G20, foram apresentadas propostas que cientificamente são comprovadas como eficientes”, afirmou Dias, enfatizando que cada nação apresenta seus planos de forma “soberana e independente” com base em suas condições.