Estou tão emocionado com meu primeiro aniversário, que resumi tudo em versos para ti, ó meu Diário.
Um ano de presidência! Meu Deus, que ano feliz! Tudo que os outros fizeram este ano eu desfiz.
Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão, o Bolso quando governa,
é pura demolição!
Não me importa a Amazônia, quero mais que tudo queime, vou matar índio e criar gado, quero ser um John Wayne.
Se tem número ruim, é intriga da oposição, seja IBGE ou FioCruz, ou o Inpe do Galvão.
Se meus segredos perguntam, fico meio agressivo. Nunca direi quanto gasto no cartão corporativo.
Caprichei no Twitter, fiz um trabalho sem igual. O ano todo, fake news, Golden Shower no carnaval.
Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, aqui não existe fome, criança tem que trabalhar.
O peixe desvia do óleo porque é bicho inteligente. Cocô só em dia par salva o meio-ambiente.
Fala Ernesto Araújo que aquecimento é marxismo. E o Olavo de Carvalho diz: “Viva o terraplanismo!”
O Weintraub escreve errado, troca “acepipes” por “asseclas”, mas quem nunca se confundiu com todas estas teclas?
Menina só usa rosa, e assim beleza esbanja, menino prefere azul e o Queiroz veste laranja.
Meus filhos são meu orgulho. Dudu é quase bilíngue, e tirou dez no estágio na chapa do Burger King.
Falam muita maldade da minha criação: que Flávio adora rachadinha, e Carluxo não gosta, não.
A Greta é pirralha, a mulher do Macron, um jaburu. Paulo Freire é comunista! Trump, I só love you!
Sou um liberal, isso canto aos quatro ventos, só de agrotóxico liberei uns quatrocentos.
Gasolina, dólar e carne são a causa dos meus ais, pois não param de disputar
para ver quem sobe mais.
Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu. Na reforma da Previdência só general não se fodeu.
Agora chega, já cansei, e, se fizer muito verso, vão dizer que eu sou gay.
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