O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), afirmou nesta terça-feira (27/11) que a mudança da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém está decidida.
“A questão não é perguntar se vai [ocorrer], a questão é perguntar quando será”, afirmou.“A gente ainda não sabe ao certo dentro do governo a data, como é que ocorre. A gente tem a intenção e a ideia”, disse.
A afirmação foi feita em Washington, depois de o deputado ter se reunido na Casa Branca com o conselheiro sênior e genro de Donald Trump, Jared Kushner. Kushner é um dos principais articuladores da política para o Oriente Médio do governo Trump.
No início de novembro, uma visita ao Egito do chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, foi cancelada pelo governo do país. O cancelamento ocorreu após o anúncio de Jair Bolsonaro de que tinha a intenção de mudar a embaixada de Tel Aviv para Israel. Sobre o cancelamento, o deputado afirmou que não vê “crise nenhuma”, pois, segundo ele, a visita foi apenas adiada para o próximo ano.
“Quem não foi para o Egito foi só o chanceler Aloysio Nunes. Todo o corpo empresarial que estava previsto para ir para o Egito foi, inclusive a pedido das autoridades egípcias”, afirmou. A ida de Nunes foi cancelada após parte dos empresários já estar em solo egípcio.
Idas e vindas
A história da mudança da embaixada tem sido marcada por idas e vindas do presidente eleito e de sua equipe de transição.
No dia 1º de novembro, o presidente eleito havia dito ao jornal israelense Israel Hayom que mudaria a representação diplomática brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. “Israel é um Estado soberano. Se os senhores decidirem sua capital, nós agiremos de acordo. Quando me perguntaram durante a campanha se eu faria isso [realocar a embaixada] quando eu era presidente, eu disse que sim, e que são os senhores quem decidem sobre a capital de Israel, não outras pessoas”.
Com a repercussão negativa do cancelamento da vista de Nunes, o presidente eleito afirmou que a mudança “ainda não estava decidida”.
“Para nós, isso não é um ponto de honra, essa decisão [sobre a embaixada]. Agora, quem diz isso, onde é a capital de Israel, é o povo, o Estado de Israel. (…) Pelo o que vi também, é questão de agenda. Agora eu acho que seria prematuro um país anunciar uma retaliação em função de uma coisa que não foi decidida ainda”, disse.
Comércio com o mundo árabe
O deputado também disse que o chanceler do próximo governo, Ernesto Araújo, deve cumprir a agenda e “com certeza fará bons negócios lá”. “Até porque, neste meio de transição, eu já recebi duas vezes a visita dos embaixadores dos Emirados Árabes Unidos”.
Sobre possíveis consequências para o comércio internacional e represálias de outros países por causa da mudança, o deputado afirmou que acredita que será possível encontrar uma maneira de solucionar a questão. “Eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe nós apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga um apoio desses países árabes”.
O deputado também afirmou que não conversou com Jared Kushner sobre uma futura visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Segundo ele, o tema deve ser discutido durante a visita ao Brasil do Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, no dia 29 de novembro, para encontro com o presidente eleito.
O deputado cumpre agenda nos Estados Unidos desde segunda (26/11), quando se reuniu com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, com o secretário-adjunto do Tesouro Americano, David Malpass, participou de evento no American Enterprise Institute e de reuniões com representantes do Departamento de Estado, do vice-presidente norte-americano Mike Pence, do Departamento de Comércio e do Conselho de Segurança Nacional. Eduardo Bolsonaro também esteve na Câmara de Comércio Brasil – Estados Unidos, onde se reuniu com empresários e investidores.
(*) Com Agência Brasil
Paola de Orte/Agência Brasil
Deputado Eduardo Bolsonaro com boné pró-Trump que ganhou de apoiadores em Washington