Atualizada às 15h19
O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, acusou nesta sexta-feira (04/01) o Grupo de Lima de incentivar um golpe de Estado contra o país. O anúncio vem após o bloco afirmar que não irá reconhecer o próximo mandato (2019-2025) do presidente Nicolás Maduro, que toma posse no dia 10 de janeiro.
Em comunicado oficial, o ministro das Relações Exteriores venezuelano afirmou que a “Venezuela expressa sua maior perplexidade diante da extravagante declaração de um grupo de países do continente americano que, após receber instruções do governo dia Estados Unidos através de uma videoconferência, acordaram em incentivar um Golpe de Estado na Venezuela”.
Formado em 2017 por iniciativa do governo peruano sob a justificativa “denunciar a ruptura da ordem democrática na Venezuela”, o Grupo de Lima é formado por 14 países, incluindo Brasil, Argentina, Colômbia, México, Canadá e Peru. Apesar de não integrarem oficialmente o bloco, os EUA participaram da reunião como ouvintes por videoconferência.
Em declaração conjunta, divulgada após reunião em Lima, no Peru, o grupo reitera que a reeleição de Nicolás Maduro “carece de legitimidade” porque não contou com a “participação de todos os atores políticos venezuelanos, nem com a presença de observadores internacionais independentes”.
Além do Brasil, assinaram o documento Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucia.
O texto pede que Maduro não tome posse no próximo dia 10 e entregue o poder para a Assembleia Nacional venezuelana. Para o Grupo de Lima, é necessário adotar medidas para impedir que funcionários graduados do governo Maduro ingressem em seus países ou operem através de seus bancos.
Segundo o chanceler da Venezuela, a posição desses países é “um feito sem precedente na história da região, ao intentar desconhecer tanto o governo como as instituições legitimamente constituídas, chegando ao extremo de pretender modificar os limites territoriais do país”.
Arreaza ainda garantiu que Maduro “tomará a posse legítima e constitucional da presidência da República” garantido pela Constituição e rechaçou a intervenção que qualquer governo estrangeiro.
Sobre o processo eleitoral, que ocorreu em maio de 2018, do qual o atual presidente saiu vitorioso com mais de 67% dos votos, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela afirmou que contou “com uma ampla participação popular, contando com a concorrência de diversos candidatos”. Arreaza também destacou a presença de observadores nacionais e internacionais nas eleições.
“Mas além desta declaração do autodenominado Grupo de Lima ter escrito uma vergonhosa página na história das relações internacionais da região, a República Bolivariana da Venezuela saberá responder, à luz do princípio de reciprocidade, às ações que cada país decida tomar individualmente”, conclui o chanceler.
México
Dos 13 países que compõe o grupo, apenas o México se recusou a assinar o documento, afirmando que prefere manter os canais diplomáticos com Caracas abertos para encontrar uma solução pacífica para a crise venezuelana.
“México, no fiel cumprimento de seus princípios constitucionais de política exterior, se absterá de emitir qualquer tipo de pronunciamento em relação à legitimidade do governo venezuelano”, afirmou o subsecretário do México para América Latina e Caribe, Maximiliano Reys.
O representante do governo do presidente Andrés Manuel López Obrador ainda disse que “nossa consideração se guiará pelas possibilidades de um diálogo inclusivo com objetivo de alcançar as condições de estabilidade necessária para o desenvolvimento do povo venezuelano em um sinal de paz, democracia e segurança”.
Brasil
Em sua conta no Twitter, o chanceler do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou que a decisão do Grupo de Lima é uma “oportunidade histórica para redemocratizar a Venezuela”.
“Declaração de Lima adota proposta brasileira instando Maduro a não assumir seu mandato ilegítimo em 10 de janeiro e entregar o poder à Assembleia Nacional até que se realizem eleições democráticas. Oportunidade histórica para redemocratizar a Venezuela”, escreveu Araújo após comparecer a seu primeiro compromisso internacional como ministro das Relações Exteriores do governo de Jair Bolsonaro.
Assembleia Nacional
Segundo informações da agência France Press, o Parlamento venezuelano, controlado pela oposição, deve se posicionar ainda hoje sobre o tema.
De acordo com deputados de oposição ouvidos pela agência, a Assembleia Nacional pretende anunciar que considera ilegítimo o mandato a ser cumprido por Maduro.
*Com Agência Brasil
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Arreaza ainda garantiu que Maduro "tomará a posse legítima e constitucional da presidência da República"