O governo da Rússia criticou nesta terça-feira (27/08) a prisão do fundador do aplicativo de mensagens Telegram, Pavel Durov, e afirmou que a situação levou as relações entre Rússia e França ao “nível mais baixo”.
Durov, de 39 anos, foi detido no último sábado (24/08) pelas autoridades francesas no aeroporto Le Bourget, nos arredores de Paris, após chegar ao país em um jato privado proveniente do Azerbaijão, no âmbito de uma investigação sobre crimes relacionados a fraude, tráfico de drogas, cyberbullying, crime organizado e promoção do terrorismo na plataforma.
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, o episódio levou “as relações entre Moscou e Paris ao seu ponto mais baixo”, em especial “pelo que Paris assume em questões de liberdade de expressão, liberdade de disseminação de informações e, em geral, em questões de respeito à profissão de jornalista”.
O chanceler russo denunciou ainda que a prisão de Durov foi motivada “a conselho de alguém que aparentemente tinha como objetivo acessar códigos de criptografia”, que protegem dados virtuais de tentativas de roubo e acessos não permitidos, segundo a agência de notícias russa TASS.
Sobre o assunto ,o diretor do Serviço de Inteligência Estrangeira Russo (SVR), Sergey Naryshkin, declarou à TASS esperar que Durov, mesmo detido, “não permita que o Ocidente tenha acesso às informações confidenciais da plataforma”.
Já para o porta-voz do Kremlin, sede da Presidência da Rússia, Dmitri Peskov, se não houver provas “sérias” para justificar a prisão do fundador do Telegram, a situação será considerada um “caso político”.
“As acusações são realmente muito graves e exigem provas igualmente sérias. Caso contrário, serão uma tentativa direta de limitar a liberdade de comunicação e, pode-se até dizer, uma intimidação direta ao chefe de uma grande empresa”, acrescentou o russo.
Peskov ainda garantiu que o governo russo está disposto a fornecer “toda a assistência necessária” ao executivo.
Por sua vez, o presidente da França, Emmanuel Macron, negou na última segunda-feira (26/08) que a detenção de Durov tenha motivações políticas.
Je lis ici de fausses informations concernant la France suite à l’arrestation de Pavel Durov.
La France est plus que tout attachée à la liberté d’expression et de communication, à l’innovation et à l’esprit d’entreprise. Elle le restera.
Dans un État de droit,…
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 26, 2024
Em mensagem publicada em suas redes sociais, o mandatário assegurou que “a prisão do presidente do Telegram em território francês ocorreu no âmbito de uma investigação judicial em curso”.
Detido desde o último sábado, o executivo do Telegram teve seu período de prisão estendido para 96 horas, período máximo segundo declarou a Promotoria de Paris à agência russa de notícias TASS.
“O período de custódia de 96 horas começa no momento da detenção pela polícia às 20h do sábado, 24 de agosto. Este é o período máximo possível. No entanto, o juiz que supervisiona sua investigação pode liberá-lo a qualquer momento”, disse o escritório à TASS.
Assim, Durov deve ser solto até no máximo às 20h (horário de Paris da próxima quarta-feira (28/08).
(*) Com Ansa