Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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O governo brasileiro emitiu nota oficial neste domingo (22/6) condenando veementemente os ataques militares de Israel e dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã. Segundo a nota do Ministério de Relações Exteriores brasileira, os bombardeios violam a soberania iraniana e o direito internacional.

No comunicado, o Itamaraty expressou “grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio” e afirmou que ataques a instalações nucleares representam uma “flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”. O texto alerta que tais ações colocam em risco a vida de civis, expondo-os a possíveis desastres radioativos e ambientais de grandes proporções.

Sede do Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil

Sede do Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil

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Repúdio a ataques a áreas densamente povoadas

O texto diz que o Brasil defende o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear e rejeita “qualquer forma de proliferação nuclear”, especialmente em regiões de instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio. Além disso, o governo repudiou os ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, que têm causado mortes de civis e destruição de infraestrutura, incluindo hospitais — alvos protegidos pelo direito internacional humanitário.

O texto ressalta a “urgente necessidade de uma solução diplomática” para interromper o ciclo de violência e iniciar negociações de paz. Segundo o governo brasileiro, a escalada militar atual pode gerar “danos irreversíveis” para a estabilidade global e para o regime de não proliferação nuclear.

As instalações atacadas

Acusando o Irã de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear, Israel lançou um ataque surpresa contra o país no último dia 13, expandindo a guerra no Oriente Médio.

Neste sábado (21), os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan.

O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos e que estava no meio de uma negociação com os Estados Unidos para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário.

No entanto, a AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir todas suas obrigações, apesar de reconhecer que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã acusa a agência de agir “politicamente motivada” e dirigida pelas potências ocidentais, como EUA, França e Grã-Bretanha, que têm apoiado Israel na guerra contra Teerã.

Em março, o setor de Inteligência dos Estados Unidos afirmou que o Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo próprio presidente Donald Trump.

Apesar de Israel não aceitar que Teerã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.

Leia a íntegra da nota

O governo brasileiro expressa grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio e condena com veemência, nesse contexto, ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares, em violação da soberania do Irã e do direito internacional. Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala.

O Governo brasileiro reitera sua posição histórica em favor do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas por instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio.

O Brasil também repudia ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, os quais têm provocado crescente número de vítimas e danos a infraestrutura civis, incluindo instalações hospitalares, as quais são especialmente protegidas pelo direito internacional humanitário.

Ao reiterar sua exortação ao exercício de máxima contenção por todas as partes envolvidas no conflito, o Brasil ressalta a urgente necessidade de solução diplomática que interrompa esse ciclo de violência e abra uma oportunidade para negociações de paz. As consequências negativas da atual escalada militar podem gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo e para o regime de não proliferação e desarmamento nuclear.

(Com informações da Agência Brasil)