Um dia após a posse de Nicolás Maduro na Venezuela, o governo brasileiro emitiu uma nota na manhã deste sábado (11/01) afirmando que acompanha com “preocupação” supostas “denúncias de violações de direitos humanos a opositores”.
O Itamaraty disse reconhecer “gestos de distensão pelo governo Maduro”, porém voltou a criticar o país vizinho ao declarar que “deplora os recentes episódios de prisões, de ameaças e de perseguição a opositores políticos”.
“Embora reconheçamos os gestos de distensão pelo governo Maduro – como a liberação de 1.500 detidos nos últimos meses e a reabertura do Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas em Caracas, o governo brasileiro deplora os recentes episódios de prisões, de ameaças e de perseguição a opositores políticos”, disse o Ministério das Relações Exteriores.
Na nota, o Brasil cobra “diálogo e à busca de entendimento mútuo, com base no respeito pleno aos direitos humanos”, no sentido de “dirimir as controvérsias internas”.
A posição brasileira ocorre após a oposição extremista ter denunciado um suposto sequestro da líder María Corina Machado. O caso foi prontamente rechaçado pelo governo venezuelano, que afirmou que a opositora tentou uma “operação de falsa bandeira” ao tentar “burlar a direita e o fascismo internacionais”.
Em agosto passado, o presidente Lula disse que “ainda não” reconhecia o resultado eleitoral de 28 de julho que definiu a vitória de seu homólogo venezuelano. Depois, afirmou que Maduro é “problema da Venezuela, não do Brasil“, ao defender a soberania de cada país.
O governo brasileiro foi oficialmente convidado para a cerimônia de posse nesta sexta-feira (10/01). Porém, optou ser representado pela embaixadora do Brasil em Caracas, Glivania de Oliveira.
Leia a nota na íntegra:
O governo brasileiro acompanha com grande preocupação as denúncias de violações de direitos humanos a opositores do governo na Venezuela, em especial após o processo eleitoral realizado em julho passado.
Embora reconheçamos os gestos de distensão pelo governo Maduro – como a liberação de 1.500 detidos nos últimos meses e a reabertura do Escritório do Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas em Caracas, o governo brasileiro deplora os recentes episódios de prisões, de ameaças e de perseguição a opositores políticos.
O Brasil registra que, para a plena vigência de um regime democrático, é fundamental que se garantam a líderes da oposição os direitos elementares de ir e vir e de manifestar-se pacificamente com liberdade e com garantias à sua integridade física.
O Brasil exorta, ainda, as forças políticas venezuelanas ao diálogo e à busca de entendimento mútuo, com base no respeito pleno aos direitos humanos com vistas a dirimir as controvérsias internas.