O embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vadell, anunciou nesta quinta-feira (14/11) seu retorno ao cargo após ter sido chamado de volta à Caracas no final de outubro, em sinal de protesto contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de “interferência” nos assuntos internos do país.
Em um vídeo, gravado no ministério das Relações Exteriores e publicado nas redes sociais da Embaixada venezuelana, Vadell disse estar “a poucas horas” de seu regresso ao Brasil e afirmou estar levando a Brasília passaportes pedidos por venezuelanos residentes entre agosto e novembro.
#venezolanosenbrasil
Buenas noticias!!
El embajador de Venezuela en Brasil, Manuel Vadell, regresa a Brasilia con pasaportes de venezolanos que realizaron su trámite entre el 24 agosto y 01 de noviembre de 2024 en @EmbaVEBrasil pic.twitter.com/n2clwnKMfc— Embaixada da Venezuela (@EmbaVEBrasil) November 14, 2024
O anúncio é feito dois dias após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiar uma declaração de Lula, a classificando como uma “reflexão sábia”. Na ocasião, o brasileiro disse que “Maduro é um problema da Venezuela, não do Brasil”.
“Eu quero que a Venezuela viva bem, que eles cuidem do povo com dignidade. O povo venezuelano cuida do Maduro, e eu cuido Brasil. Eu aprendi que a gente tem que ter muito cuidado quando vai tratar de outros países e presidentes”, acrescentou.
O presidente também afirmou que sua prioridade é “brigar para fazer esse país dar certo”, sem se envolver em disputas regionais que poderiam prejudicar o foco em questões nacionais.
Histórico de tensões diplomáticas
A crise diplomática entre Brasília e Caracas iniciou-se quando o governo brasileiro não reconheceu o resultado das eleições venezuelanas de 28 de julho, que reelegeram Maduro, e posteriormente vetou a entrada do país no Brics na reunião do grupo em outubro, na Rússia.
O bloqueio provocou protestos da Venezuela, que acusou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil de promover uma “agressão brutal”. Além disso, o regime Maduro afirmou que o assessor internacional de Lula, Celso Amorim, é um “mensageiro do imperialismo norte-americano”. Em resposta, Amorim classificou algumas dessas acusações como “bobagens”, o que aumentou o tom das críticas.
Caracas emitiu um comunicado formal de descontentamento com Brasília, convocando o embaixador venezuelano em Brasília Vadell, para consultas – a forma diplomática de demonstrar insatisfação. Paralelamente, o representante do Brasil em Caracas também foi chamado para ouvir as queixas do governo venezuelano sobre “as recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras de porta-vozes autorizados pelo governo brasileiro”.
(*) Com Ansa, Brasil247 e TeleSUR