O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o mandatário da China Xi Jinping no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (20/11) em uma cerimônia especial para chefes de Estado. Os dois líderes têm um dia inteiro de agenda em Brasília (DF), quando devem assinar cerca de 30 acordos de cooperação.
Um desses acordos é para a exportação de grãos de café brasileiro nos próximos anos, dando continuidade a parceria comercial estabelecida entre os dois países. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, conforme o próprio presidente chinês destacou em artigo na Folha de S. Paulo, publicado em 16 de novembro.
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil por 15 anos consecutivos e uma das principais fontes de investimento estrangeiro — conforme estatísticas chinesas, importou mais de US$ 100 bilhões do Brasil anualmente nos últimos três anos, batendo um novo recorde.”, disse Xi Jinping.
Após reunião de portas fechadas, haverá cerimônia de assinatura de atos, declarações à imprensa e almoço. À noite, será oferecido jantar à delegação chinesa no Palácio Itamaraty.
Ao chegar em Brasília (DF), na tarde de terça-feira, Xi foi recebido pelo ministro Rui Costa ao lado de outros funcionários do governo brasileiro. Além da comitiva presidencial, o grupo de percussão feminino Batalá se apresentou para o mandatário.
A visita de Xi Jinping ocorre por ocasião da 19ª Cúpula de Líderes G20, no Rio de Janeiro. Esta é a terceira viagem ao Brasil como presidente da China, sendo a primeira em 2014, quando foi recebido pela então presidente Dilma, para a fundação do Novo Banco de Desenvolvimento.
Em 2019, ele veio para participar da cúpula dos Brics.
Brasil não adere à ‘Iniciativa Cinturão e Rota’
Desde que Lula voltou à presidência, a expectativa da China para que o Brasil entrasse na Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como Nova Rota da Seda, cresceu. Mas o governo brasileiro preferiu não assinar ainda o acordo, por se tratar de uma estratégia geopolítica de Xi Jinping.
Em referência à histórica rota da seda chinesa, a iniciativa é uma estratégia de cooperação chinesa focada em investimentos e desenvolvimento de infraestrutura.
O governo chinês, ao propagandear o empreendimento, fala em investimento em rodovias, portos, ferrovias, hidrelétricas, entre outros, numa perspectiva de “ganha-ganha” entre o gigante asiático e os países que aderirem ao projeto. 152 países já participam, em sua grande maioria do Sul Global.
Em agosto, Lula disse que a reunião com Xi no Brasil seria para “discutir uma parceria estratégica com a China de longo prazo”, além de comemorar os 50 anos de relações diplomáticas entre as partes.
O presidente brasileiro é considerado um “velho amigo” do povo chinês já que foi durante seu governo que a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, desbancando os Estados Unidos, que por décadas mantinha essa posição. Também foi durante os governos Lula que o Brics foi fundado.
Tanto o Brasil como a China falam em reforma de instituições multilaterais, para torná-las mais representativas.
A reunião ocorre duas semanas após a vitória de Donald Trump nas eleições americanas, que aumenta as expectativas de novas tensões entre Washington e Pequim.
Tanto o Brasil como a China falam em reforma de instituições multilaterais, para torná-las mais representativas. Para o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o cenário global não deve prejudicar os vínculos com a China. “A relação Brasil-China já atravessou vários governos americanos, várias situações internacionais diferentes e só se fortaleceu”, declarou Eduardo Saboia, chefe do departamento de Ásia e Pacífico do Itamaraty.
Antes de chegar ao Brasil, Xi já havia inaugurado um porto no Peru para facilitar as exportações latino-americanas para a China.
(*) com Ansa