O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, reuniram-se nesta terça-feira (22/10), à margem da cúpula dos BRICS, que vai até a próxima quinta-feira (24/10), na cidade russa de Kazan.
Durante o encontro que durou cerca de uma hora, Putin, que sedia a cúpula do bloco de economias emergentes, afirmou que a relação entre Moscou e Pequim é “um modelo a ser seguido pelo mundo moderno”.
“Nos últimos 75 anos, as relações russo-chinesas atingiram o nível de uma parceria abrangente e interação estratégica. Podemos dizer com confiança que elas se tornaram um modelo de como as relações entre estados devem ser construídas no mundo moderno”, declarou o russo.
Putin ainda definiu as relações entre os dois países como uma “cooperação multifacetada, igualitária, mutuamente benéfica e livre de quaisquer condições externas”.
O presidente russo destacou ainda o aumento de 4,5% no comércio entre os dois países, entre janeiro e agosto passados. Segundo ele, projetos conjuntos estão sendo realizados com sucesso nas áreas de energia, indústria, transportes e agricultura.
Os laços humanitários e culturais também estão a ser fortalecidos e os fluxos turísticos mútuos estão a aumentar, observou Putin. “Ontem visitei o Kremlin [sede da Presidência russa] e vi um grande número de turistas chineses”, declarou.
Durante a reunião, Putin, que já havia parabenizado Xi Jinping pelos marcos recentes, aproveitou a oportunidade para “parabenizar pessoalmente todos os amigos chineses e o povo da China pelo 75º aniversário da fundação da República Popular da China e o estabelecimento de laços diplomáticos” entre Rússia e China.
O presidente russo afirmou que a cooperação russo-chinesa é um dos fatores estabilizadores no cenário mundial. Xi Jinping, por sua vez, disse que nos últimos 10 anos as relações entre os países resistiram a testes e que “sua firmeza não pode ser abalada pelas graves convulsões que hoje ocorrem na cena internacional”.
Da mesma forma, Xi indicou que o grupo BRICS é “ uma das plataformas de cooperação mais importantes para a consolidação do mundo em desenvolvimento e das economias dos mercados emergentes”.
Um dos temas mais importantes da política internacional em relação à Rússia no momento é a guerra na Ucrânia. Sobre o assunto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que os mandatários “trocaram opiniões sobre a situação na Ucrânia e a situação internacional em geral”.
“Os lados trocaram opiniões sobre a Ucrânia e a situação internacional em geral. Mais uma vez, eles notaram uma convergência significativa de posições e abordagens com relação ao que está acontecendo no mundo”, disse o porta-voz à imprensa russa.
“As nossas relações percorreram um longo caminho e adquiriram um caráter sem precedentes. Tomamos o caminho certo de construir relações entre grandes potências baseadas nos princípios do não alinhamento e não confronto contra terceiros”, disse o mandatário chinês.
Reuniões com Modi, Ramaphosa e Dilma Rousseff
Ao longo do primeiro dia da cúpula dos BRICS, Putin também manteve reuniões com outros chefes de Governo, como Narendra Modi, da Índia, e Cyril Ramaphosa, da África do Sul.
Com Modi, o mandatário russo discutiu cooperação em defesa, energia e economia. Segundo o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, citado pela agência russa de notícias TASS, a agenda das negociações foi ampla, incluindo “questões regionais e globais de interesse mútuo”.
Outro tema importante da agenda entre Moscou e Nova Delhi foram as conversas do governo Modi com autoridades da Ucrânia, em conflito com a Rússia desde fevereiro de 2022.
De acordo com Misri, Modi e Putin trocaram opiniões sobre o conflito em andamento na Ucrânia durante conversas bilaterais. “O primeiro-ministro reiterou que o diálogo e a diplomacia são a maneira de resolver o conflito. Ele informou Putin sobre suas interações com a liderança ucraniana e disse que a Índia está pronta para contribuir para a paz na região”, disse o diplomata.
O representante indiano observou que, em seus esforços para encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia, a Índia está tentando “continuar em contato com os principais participantes, avaliar a possibilidade de encontrar uma maneira pacífica de encerrar o conflito e talvez também buscar abordagens alternativas que podem não estar sobre a mesa no momento”.
“Acredito que continuaremos em contato com todos os lados, porque somos um dos poucos que têm a capacidade de conversar com todos os lados”, disse Misri.
Já com o sul-africano Ramaphosa, foi abordado o crescimento do comércio entre as nações
após um certo declínio. Segundo Putin, os números cresceram 3% nos primeiros oito meses deste ano.
“O diálogo político está se desenvolvendo, nossas agências políticas estrangeiras, conselhos de segurança estão em contato próximo, a interação por meio dos parlamentos foi estabelecida. Os laços comerciais e econômicos entre a Rússia e a África do Sul estão em um alto nível geral. Após um certo declínio, o volume de negócios comerciais retomou o crescimento, que totalizou 3% em janeiro-agosto deste ano”, acrescentou.
Putin ainda encontrou-se com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a instituição financeira do BRICS, Dilma Rousseff. Na reunião, a ex-presidente do Brasil afirmou que os países do Sul Global necessitam de maior aporte financeiro, já que, segundo ela, as condições de obtenção de créditos são complexas. Nesse sentido, comentou sua expectativa com relação a uma expansão do BRICS.
“Eu espero que possamos ter uma expansão maior dos países do BRICS para os países do Sul Global. E que possamos definir os novos rumos, dos quais devemos trilhar nos próximos anos. Portanto, essa é uma questão fundamental dos recursos financeiros necessários para suprir nossas necessidades e tem um foco fundamental no momento atual, junto com a expansão dos países membros”, disse Dilma a Putin.
(*) Com RT en español e TASS