Sexta-feira, 16 de maio de 2025
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Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, se comprometeram após seu encontro, na última quinta-feira (08/05), a a utilizar “todos os esforços para combater as crescentes tentativas de reabilitação da ideologia desumana do nazismo e da supremacia racial”.

O combate conjunto foi anunciado na principal declaração conjunta em razão da visita de Estado de Xi Jinping à Moscou. O documento foi redigido nas esteira da comemoração do 80º aniversário da vitória da União Soviética na Grande Guerra Patriótica (como é conhecida na Rússia a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 45), da vitória do povo Chinês na Guerra de Resistência à Agressão Japonesa (como os chineses chamam a Segunda Guerra Sino-Japonesa, entre 1937 e 45) e da criação da ONU (1945).

Afirmando que “a Segunda Guerra Mundial tornou-se a maior tragédia da história da humanidade”, os mandatário declararam que suas nações têm “uma missão em comum”: “a responsabilidade de preservar a memória histórica verdadeira da Segunda Guerra Mundial”.

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O papel de Moscou e Pequim se dá porque foram “as principais frentes de batalha na Europa e na Ásia” e  “suportaram o impacto principal da Alemanha hitlerista — com seus satélites unidos sob sua bandeira — e do Japão militarista, tornando-se duas forças-chave na luta contra o fascismo e o militarismo”.

Também se comprometeram a “continuar se opondo à glorificação dos nazistas e seus cúmplices, ao ressurgimento do neonazismo, ao revanchismo militarista e a práticas que contribuem para a escalada de várias formas de discriminação racial, racismo, xenofobia e intolerâncias associadas”.

Interesses comuns

Uma base sólida para a cooperação entre a Rússia e a China “é a ampla comunhão de interesses nacionais na projeção histórica de longo prazo e o cumprimento das tarefas de desenvolvimento nacional abrangente de ambos os estados”. Assim, Moscou e Pequim “declaram seu firme apoio mútuo para garantir soberania, integridade territorial, segurança e estabilidade”.

A Rússia também reafirmou seu compromisso com o princípio de Uma China, reconhecendo que Taiwan é parte integrante dela.

O lado chinês declara apoio aos esforços da Rússia “para garantir segurança e estabilidade, desenvolvimento e prosperidade nacional, soberania e integridade territorial, e se opõe à interferência externa nos assuntos internos da Rússia”.

“As partes continuarão a fortalecer a cooperação militar e técnico-militar em benefício dos povos da Rússia e da China, bem como da segurança global e regional”, garantiu o documento.

Moscou e Pequim também concordaram em promover o desenvolvimento estável do comércio bilateral, aprofundar os laços de investimento, continuar a fortalecer a parceria energética abrangente, melhorar os laços interbancários e expandir as liquidações em moedas nacionais. Além disso, as duas partes concordaram em fortalecer a cooperação na área da educação e cultura.

Papel de Moscou e Pequim contra nazismo se dá porque foram “as principais frentes de batalha na Europa e na Ásia”
Xinhua/Wang Ye

Estados Unidos, Oriente Médio e América Latina

Na única menção explícita aos Estados Unidos, o texto critica as tentativas dos norte-americanos e aliados de expandirem a presença da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na região Ásia-Pacífico.

“A Rússia e a China consideram inaceitável a construção de blocos militares com viés antirrusso e antichinês com uma componente nuclear, o posicionamento de armas nucleares na região sob a fachada de ‘dissuasão ampliada’”.

A dissuasão ampliada é a doutrina desenvolvida pelos Estados Unidos na Guerra Fria, criando alianças militares como a OTAN e instalando “guarda-chuvas nucleares” na Europa e países na Ásia Pacífico, como Austrália, Japão e Coreia do Sul.

Mas também mencionaram a guerra tarifária promovida pelo presidente norte-americano, Donald Trump: “a aplicação por estados individuais e suas associações de restrições comerciais e financeiras, como medidas restritivas unilaterais ilegítimas e tarifas alfandegárias excessivas, bem como outros métodos de competição não mercantis, afeta negativamente a economia global, prejudica a competição justa e impede a cooperação internacional no combate aos desafios mais importantes para toda a humanidade”.

“As partes condenam ações cínicas tomadas para contornar o Conselho de Segurança da ONU, violando a Carta da ONU e o direito internacional, obstruindo a justiça, bem como medidas contrárias às regras da Organização Mundial do Comércio”, instaram.

As duas potências do Sul Global também apelaram pela estabilização da situação no Oriente Médio e defenderam como única alternativa a resolução das “questões críticas” com a criação de dois Estados. “Esta proposta prevê a criação de um Estado Palestino independente, que coexista em paz e segurança com Israel”, dizem no documento.

Sobre o final da declaração conjunta, os dois países afirmaram “o compromisso dos países da América Latina e do Caribe de desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica baseada na igualdade, no respeito mútuo e na consideração dos interesses de cada um”.

Rússia e China querem fortalecer com todos os países interessados e as organizações da região, como a Celac, Mercosul, a Comunidade Andina, a ALBA, a Aliança do Pacífico e a Comunidade do Caribe.

(*) Com TASS e Brasil de Fato