O governo da Venezuela publicou, neste sábado (02/11), nota em resposta a recente manifestação da diplomacia brasileira sobre as dificuldades de entendimento entre os dois países.
O texto faz uma crítica ao Ministério de Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, afirmando que a chancelaria brasileira agrediu de forma “descarada e grosseira” o presidente Nicolás Maduro. Ainda segundo a nota, o Itamaraty tenta “passar por vítima de uma situação em que atuou como agressor”.
Na sexta-feira (01/11), o Itamaraty lançou uma nota queixando-se da postura da Venezuela na última semana. “A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”, afirmava o comunicado do Itamaraty.
A nota do Itamaraty acrescentava que o Brasil sempre apreciou o “princípio da não-intervenção”, respeitando a soberania de cada nação. Destaca, nesse sentido, que o interesse do país no processo eleitoral venezuelano decorre especialmente pelo fato de estar em condição de testemunha no Acordo de Barbados.
Na quinta-feira (31/10), a Polícia Nacional da Venezuela publicou, em uma rede social, imagem contendo a silhueta de um homem com traços físicos semelhantes aos do presidente Lula e, ao fundo, a bandeira brasileira. Na foto, escrito: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”. A publicação foi deletada após a emissão da nota brasileira.
As relações entre os dois países têm passado por dificuldades desde que o governo brasileiro não reconheceu os resultados das eleições presidenciais na Venezuela, vencidas por Nicolas Maduro, segundo a justiça do país. O governo brasileiro cobrou da Venezuela a comprovação dos resultados eleitorais, o que é entendido pelo país vizinho como uma interferência em sua soberania.
O Brasil opôs-se à entrada da Venezuela – e da Nicarágua, que também está com relações diplomáticas com o Brasil estremecias – no Brics, referendando, contudo, a participação de Cuba e Bolívia. O gesto foi entendido pela Venezuela como uma retaliação aos desentendimentos entre os dois países por conta do processo eleitoral.
Leia abaixo, em espanhol, a íntegra da nota deste sábado do governo venezuelano.