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Direitos Humanos

Aumenta número de pessoas que consideram tortura aceitável, aponta relatório internacional

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Para editor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, resultado se deve a sentimento mundial de insegurança diante de ataques e conflitos atuais

Camila Alvarenga

2016-12-10T12:00:00.000Z

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Um relatório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), divulgado na segunda-feira (05/12), indica que, com relação à mesma pesquisa realizada em 1999, aumentou o número de pessoas que consideram a tortura um método aceitável para obter informações de oponentes em zonas de conflito.

“Este é o resultado mais perturbador”, disse a Opera Mundi Vincent Bernard, editor-chefe da International Review of the Red Cross, principal publicação do CICV.

“Na pesquisa, os entrevistados entendiam que a tortura é ruim, mas, colocados diante de um cenário real, passam a justificar a prática”, afirmou Bernard. Segundo ele, isto ocorre porque as pessoas acreditam precisar de proteção diante de uma realidade de ataques terroristas e conflitos simultâneos, e que a tortura irá protegê-las.

“Acredito que essa realidade violenta está deixando as pessoas anestesiadas à violência, de certa forma, por considerarem a tortura como um método aceitável de obter informações de combatentes inimigos”, disse.

Reprodução/Vozes da Guerra 2016 - CICV

Dados mostram que mais pessoas passaram a acreditar na tortura como um método de se obter informações com relação a 1999

O levantamento do CICV, intitulado Vozes da Guerra, realizou entrevistas por email, telefone ou presencialmente com 800, mil ou cinco mil pessoas, com idades entre 18 e 70 anos, entre junho e setembro deste ano. Os entrevistados eram provenientes de 16 países: Afeganistão, China, Colômbia, EUA, França, Iêmen, Iraque, Israel, Nigéria, Palestina, Reino Unido, Rússia, Síria (por questões operacionais, foram entrevistados sírios refugiados que vivem no Líbano), Sudão do Sul, Suíça e Ucrânia. 

Na mesma pesquisa realizada em em 1999, 28% dos entrevistados afirmaram que um combatente inimigo capturado poderia ser torturado para se obter informações militares. Já no levantamento deste ano, 36% dos entrevistados defenderam a prática.

Mesmo depois de serem informados que a tortura é proibida por lei, quase 60% dos entrevistados mantiveram suas posições de que a tortura em um combatente inimigo pode ser aceitável para se obter informações.

Dos 36% que haviam defendido inicialmente a prática, 44% mantiveram suas posições, afirmando que a tortura é aceitável em alguns casos, enquanto 15% disseram que a tortura é aceitável sempre, sendo uma parte da guerra.

Apenas 37% mudaram de opinião, dizendo, ainda, desconhecerem que seus países haviam concordado em proibir a tortura.

O Iêmen foi o único país em que 100% dos consultados afirmaram ser errado torturar e, destes, 99% disseram ser contra torturar combatentes inimigos para obter informações. 

A tortura foi proibida por uma convenção da ONU de 1984, que foi ratificada por 159 países, incluindo os 16 países consultados para a realização do relatório do CICV.

Segundo o próprio CICV, a pesquisa “não é um estudo acadêmico, mas, sim, uma indicação do que as pessoas nos países afetados por conflitos armados e outras que vivem em cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança e na Suíça pensam sobre diversas questões relacionadas com a guerra”.

Agência Efe

Guerra na Síria é um dos principais conflitos atualmente; sírios foram entrevistados para levantamento do CICV

“As pessoas parecem ter se esquecido que a proibição à tortura é algo universal e que se aplica a todas as partes de um conflito”, afirmou Bernand. Ele apontou, ainda, ser contraditório muitos dos entrevistados justificarem a tortura, mas, ao mesmo tempo, defenderem assistência médica a todos os feridos de um conflito.

Cerca de 89% dos entrevistados concordaram, ou em parte ou totalmente, que todos os feridos e doentes em conflitos têm direito a assistência médica. Em países afetados por conflitos, essa opinião foi defendida por 94% dos questionados, dos quais 72% concordaram totalmente e 22% concordaram parcialmente. No Iêmen, um dos países analisados, 100% dos entrevistados disseram acreditar que assistência médica deve ser prestada a todos. Já na Síria, 66% dos entrevistados tiveram essa opinião.

Além disso, 82% dos entrevistados acreditam ser errado atacar hospitais, ambulâncias e profissionais de saúde. Em países em conflito, esta foi a opinião de 89% dos consultados.

“Mas isso é positivo e nós também temos que focar nas coisas positivas da pesquisa e relativizar alguns resultados. Por exemplo, 38% das pessoas disseram acreditar que as leis internacionais impedem que as guerras sejam piores, que é um número menor do que em 1999 [na época, 41% afirmaram acreditar nas leis internacionais], mas aí há uma ambiguidade”, defendeu Bernard.

Ele explicou que vêm aumentando o número de denúncias de ataques a civis, hospitais e outras violações em geral em comparação a 1999, o que passa uma imagem de que a lei “não serve para nada” e de que, na verdade, estão ocorrendo mais violações.

“Nós temos os instrumentos legais para combater crimes e estamos observando uma tendência de maior proteção contra possíveis violações à Convenção de Genebra [que regula as ações em um conflito], mas a maior facilidade em relatar crimes e o consequente aumento dos relatos faz com que as pessoas pensem que somos impotentes”, disse Bernard.

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Política e Economia

Após receber carta de Bolsonaro, EUA pedem que Brasil adote “medidas imediatas” contra desmatamento

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Principal representante da Casa Branca saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal no Brasil; cacique Raoni disse que são mentirosas

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-04-16T22:40:00.000Z

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O governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira (16/04) à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O principal representante da Casa Branca sobre questões ambientais saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, mas pediu que iniciativas com resultados concretos sejam implementadas imediatamente.

"O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial de Joe Biden para a diplomacia climática, John Kerry. “Esperamos medidas imediatas e um diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para fazer com que esse anúncio se traduza em resultados concretos”, insistiu o representante de Washington em uma postagem nas redes sociais.

Na quinta-feira (15/04), a Presidência brasileira divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris e, para isso, pede recursos da comunidade internacional. "Queremos reafirmar nesse ato (...) o nosso inequívoco compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", dizia a texto.

O cacique Raoni, internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia, chegou a reagir publicamente à carta de Brasília pediu ao presidente dos Estados Unidos para ignorar a promessa de Bolsonaro.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira. "Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.

U.S. Department of State
Governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro

Biden cogitou sanções econômicas antes de ser eleito

A política ambiental do governo Bolsonaro é frequentemente criticada pelos ecologistas, mas também por vários líderes internacionais. O Brasil já foi alvo de medidas de retaliação no exterior, na tentativa de chamar a atenção para a situação na Amazônia.

Do lado dos líderes mundiais, o presidente francês Emmanuel Macron já criticou abertamente a posição de Brasília sobre a preservação do meio ambiente desde que Bolsonaro chegou ao poder. Em setembro passado, antes de ser eleito, Biden também cogitou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil se não houvesse uma desaceleração do desmatamento.  

Muito mais próximo dos ex-presidente norte-americano Donald Trump que do atual governo democrata dos Estados Unidos, Bolsonaro informou que pretende participar da cúpula virtual sobre o clima organizada por Biden na semana que vem. Cerca de 40 liderem mundiais devem marcar presença no evento.

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