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Direitos Humanos

Epidemia de coronavírus deixa 45 milhões sem alimentação básica no sul da África

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Segundo a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, países mais afetados são África do Sul, Angola, Botsuana e Eswatini

Vinícius Assis

RFI RFI

Joanesburgo (África do Sul)
2020-07-29T12:24:00.000Z

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Secas, enchentes, coronavírus e outros graves fatores fazem com que cerca de 44,8 milhões de pessoas em 13 países no sul do continente africano não tenham acesso à alimentação básica. Mais de 33,6 milhões dessas pessoas vivem em áreas rurais. Os que moram em áreas urbanas também enfrentam essa situação e são mais de 11,1 milhões. Nem todas as cidades tiveram dados registrados. 

Os dados foram divulgados no relatório da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em inglês), bloco regional econômico formado, ao todo, por 16 países africanos. Os 13 países em situação mais crítica são: África do Sul, Angola, Botsuana, Eswatini, República Democrática do Congo, Lesoto, Masagascar, Maláui, Moçambique, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

Essa quantidade de gente, quase o triplo da população da cidade de São Paulo, cresceu quase 10% este ano em comparação ao ano passado, quando a região chegou a registrar 41,2 milhões de habitantes nessa situação, até então a quantidade mais alta em uma década.


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A diretora regional do Programa Mundial para Alimentação na África Austral, Lola Castro, disse à RFI que os efeitos das mudanças climáticas que castigam a região e os efeitos econômicos da covid-19 são apontados como as causas deste cenário, principalmente nas áreas urbanas.

“O PMA vai trabalhar com os países membros da SADC para aliviar a situação com recursos financeiros e de alimentos, mas precisa neste momento de US$ 771 milhões para o período entre julho e dezembro de 2020”, afirmou.

Choques climáticos

A África Austral está propensa a choques climáticos extremos recorrentes e teve chuvas normais em apenas uma das últimas cinco safras. É uma região que historicamente é cheia de desafios econômicos, onde muita gente trabalhava informalmente até antes da pandemia.Hoje em dia, boa parte dessa população teme mais a fome do que a covid-19. Muitas pessoas desses países sofrem de desnutrição, sobrepeso/obesidade e deficiências de micronutrientes.

O continente inteiro concentra a população mais jovem do mundo: 60% dos africanos têm menos de 25 anos, segundo a ONU. É uma região do planeta de muitos contrastes.

Fotos Públicas
Segundo a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, países mais afetados são África do Sul, Angola, Botsuana e Eswatini

No mesmo local onde se produz diamantes e ouro, carros de luxo passam por áreas onde casas feitas de telha formam comunidades imensas sem saneamento básico, até mesmo em sofisticadas capitais. Na região da SADC, nem todas as crianças com menos de 5 anos passam fome. Talvez até tenham o que comer, mas não se alimentam como deveriam para garantir um desenvolvimento saudável.

Além do mais, o relatório mostra que nove dos 16 países que integram a SADC têm taxas de nanismo acima de 30%. A redução do nanismo está muito lenta nesta área para cumprir a meta da Assembléia Mundial da Saúde (WHA) em 2025 ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.

Ainda não se sabe ao certo qual o tamanho do estrago que essa pandemia causará no mundo, economicamente e humanamente falando, mas o relatório já prevê que a desnutrição na região possa aumentar pelo menos 25% até o ano que vem.

Isso significa que 8,4 milhões de crianças provavelmente sofrerão com desnutrição aguda em toda a região ainda este ano. E entre elas, 2,3 milhões precisarão de tratamento para salvar as próprias vidas por conta da desnutrição aguda grave.

Com escolas fechadas para tentar conter o avanço da pandemia, teve criança que ficou sem a principal refeição do dia. Segundo um relatório do Programa Mundial para Alimentação das Nações Unidas, 20,5 milhões de crianças em idade escolar na região da SADC não terão aulas e acesso a serviços de saúde e nutrição, por conta do fechamento das escolas.

A região tem países com diferentes particularidades e o relatório sugere soluções para suprir cada necessidade. Por mais que essas nações tenham em comum a limitação de recursos financeiros, somada às consequências da epidemia, países membros da SADC parecem não estar de braços cruzados.

Seus governantes se uniram e tentam se estruturar para enfrentar a pandemia e minimizar seus impactos socioeconômicos. O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a República Federal da Alemanha, através da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), já concederam financiamentos para essa finalidade.

Atualmente 100 milhões de pessoas (40% da população da região) não têm acesso à água potável. Uma das armas para se evitar a infecção pelo novo coronavírus, que aterroriza o mundo, é manter uma boa higiene, só que mais de 250 milhões de pessoas desses países não têm água e sabão onde moram. E 2 em cada 5 pessoas que vivem nos países da SADC não têm sequer torneiras em suas casas.

Metade da população da África do Sul não pode lavar as mãos

Quase metade da população urbana da África do Sul, por exemplo, sequer pode lavar as mãos todos dias, segundo o UNICEF. É o mesmo que dizer que, no país com quase 58 milhões de habitantes, cerca de 18 milhões de pessoas não têm sequer torneira em casa para lavar as mãos. Normalmente elas são coletivas nas comunidades periféricas, ficando do lado de fora para o uso de todos. Mas nem sempre ter torneira em casa é garantia de ter água.

A brasileira Beatriz Barbosa mora na paradisíaca Cidade do Cabo há quase 8 anos. Diz que o aumento do número de moradores de rua é visível durante a pandemia. Sem falar nos refugiados, que acabaram sendo recolhidos pelo poder público. Ela é guia de turismo e foi economicamente muito prejudicada. Está há meses sem trabalhar.

O marido é comerciante, consegue sustentar a família neste momento em que várias despesas tiveram que ser cortadas. Mas a brasileira não abandona o projeto que criou há anos para distribuir comida a moradores de rua do Sexto Distrito, o Food4homeless (Comida para sem teto, em tradução livre). Todas às quintas-feiras, ela sai com outros brasileiros para alimentar grupos cada vez maiores de moradores de rua, o que particularmente a preocupa.

Ela acha que tem que haver uma união entre as organizações não governamentais e os órgãos do governo em relação às pessoas que estão passando fome nesta pandemia. “Nós deveriam fazer ações coordenadas entre todos os grupos de voluntários, além de estarmos aliados ao governo. E eles (os moradores de rua) deveriam ter, sim, alguma ajuda do governo”, disse.

Ela também lembrou que há uma segunda situação preocupante: o caso das pessoas que ficaram desempregadas nos últimos meses e também estão passando fome neste momento, por mais que o governo tenha anunciado recursos para ajudar. “Elas não têm uma fonte de renda, um empregador. Isso tudo resulta nessa situação de fome da pandemia”, completou.

A África do Sul tem os maiores número de infectados (459. 761) e mortes (7.257) causadas pelo novo coronavírus de todo o continente africano, que já registrou desde março 871.623 casos e 18.447 mortes.

O país ainda é o quinto em todo o mundo em número de contaminações e ocupa a quinta posição na lista dos países com mais pacientes que ainda não se curaram, os chamados casos ativos (165.191), atrás dos Estados Unidos, Brasil, Índia e Rússia nos dois casos.

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Guerra na Ucrânia

Polônia quer proibir entrada de russos em toda a UE, apesar de não haver consenso no bloco

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Anúncio polonês surge após Estônia anunciar proibição de vistos para russos; Alemanha, França e Holanda são contra

Redação

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-15T22:45:00.000Z

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O governo da Polônia trabalha em uma estratégia para proibir a emissão de vistos para cidadãos russos na Europa. O anúncio foi feito pelo vice-ministro das Relações Exteriores polonês, Piotr Wawrzyk, no último domingo (14/08). 

As autoridades do país elaboram uma estratégia que permitirá que os russos tenham vistos negados em todo o bloco da União Europeia, de forma a superar a oposição de Alemanha, França e Holanda, que já manifestaram ser contra qualquer politica com esse escopo. 

"Isso é contestado por grandes Estados membros da UE, incluindo Alemanha, França e Holanda", disse o chefe do Ministério das Relações Exteriores da Polônia. Ele então afirmou que devido ao fato de que "é impossível superar a resistência desses países", a Polônia está "trabalhando em uma nova solução" para esta questão.

De acordo com Wawrzyk, a Polônia não emite vistos de turista para os russos há vários meses. As exceções são feitas aqueles que precisam atravessar a fronteira polaco-russa por motivos de trabalho, motoristas de caminhão e diplomatas. Esta lista também inclui familiares de cidadãos da Polónia e de outros países da UE.

O vice-ministro acrescentou que a decisão da nova "concepção" para a restringir a emissão de vistos para os russos em toda a União Europeia será divulgada na próxima semana. 

mediaphoto.org/Wikimedia Commons
O anúncio foi feito pelo vice-ministro das Relações Exteriores polonês, Piotr Wawrzyk, no último domingo (14/08)

Após o início do conflito na Ucrânia, iniciado pela Rússia em 24 de fevereiro, o presidente polonês Andrzej Duda anunciou sua disposição de defender a proibição da entrada de russos no país se o conflito entre Moscou e Kiev se intensificasse. 

Início do cerco a vistos para russos

Na última sexta-feira (11/08), foi divulgado que cidadãos russos com vistos Schengen emitidos pela Estônia teriam sua entrada negada no país a partir desta semana. De acordo com a decisão, russos poderão entrar na Estônia com vistos Schengen emitidos por outros países da União Europeia.

No início de agosto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em entrevista à mídia estadunidense, disse que era hora do Ocidente proibir todos os russos de entrar na Europa e nos EUA. De acordo com Zelensky, os cidadãos da Federação Russa devem "viver em seu próprio mundo até que mudem sua filosofia". 

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, por sua vez, afirmou anteriormente que os países da UE, com base em suas obrigações, não têm o direito de limitar completamente a emissão de vistos Schengen a todo um povo. De acordo com ela, se estes países fizerem isso, "instantaneamente reconhecerão seu próprio nacionalismo". 

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