Uma nova análise revela que o número de pessoas subnutridas cresceu 46%, no ano passado, no continente africano, quando comparado aos níveis de 2014.
Quase 282 milhões de africanos passam fome, como indica uma publicação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em parceria com a União Africana e a Comissão Econômica da ONU para a África.
O documento África – Visão Geral Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2021 destaca que cerca de um quinto da população africana está nesta situação. O aumento foi de 89,1 milhões em seis anos.
Nos países de língua portuguesa, Angola apresenta uma prevalência da desnutrição de 17,3%. Cabo Verde tem 15,4%, Moçambique 31,2% e São Tomé e Príncipe 11,9%. A pesquisa não tem dados da Guiné-Bissau.
Foi entre 2019 e 2020 que ocorreu a maior alta de insegurança alimentar no continente. Conflitos e mudanças climáticas são apontados como as principais razões, mas a situação piorou com a desaceleração das economias que foi causada pela pandemia, agravando ainda mais as principais causas da fome.
O novo relatório sobre segurança alimentar e nutrição destaca que a piora substancial nos níveis de pessoas passando fome acontece depois de um longo período de melhoria entre 2000 e 2013.
UNICEF/Safidy Andriananten
Fome aumenta na África, deixando continente mais distante da meta de erradicação total em 2030
O estudo apurou as mudanças entre 2014 e 2020, mas a expectativa é de que o quadro tenha piorado em 2021.
Fome no leste da África
O leste do continente tem mais de 115 milhões de pessoas desnutridas, seguida das regiões oeste, com 57,3 milhões, e central, com 53 milhões.
Ao todo, o continente concentra 55% do total de afetados pelo aumento global de subnutridos no período analisado.
Com a situação, a região corre o risco de não atingir a meta global de erradicação da fome até 2030.
A isso, se juntam dificuldades de acesso a dietas saudáveis e problemas subjacentes, tais como pobreza e desigualdade que pioraram com as dificuldades econômicas provocadas pela covid-19.
Os autores do relatório apelam à comunidade internacional para fornecer ajuda em curto prazo aos países necessitados, e a investir na agricultura e em outros setores relacionados para melhorar a resiliência contra eventos climáticos extremos no futuro.