Em apenas um ano, o total de deslocados internos em Mianmar duplicou, passando de 440 mil para mais de 800 mil pessoas que precisaram deixar suas casas devido à insegurança no país asiático. A informação foi apresentada nesta sexta-feira (11/02) pelo porta-voz da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Matthew Saltmarsh.
Segundo Saltmarsh, não existem sinais de que os conflitos no país asiático vão diminuir, provocando o aumento no número de deslocados internos nas próximas semanas e meses.
Ainda em declaração, o Acnur evidenciou que, em fevereiro de 2021, quando o país sofreu um golpe militar, 440 mil pessoas deixaram suas casas, sendo que, desde 2020, 370 mil birmaneses já se deslocavam internamente.
Uma ajuda humanitária tem sido dada aos habitantes que deixam suas casas pela situação vulnerável e precária que o país tem vivido com os militares no poder. Os estados do sudeste do país abrigam mais da metade dos novos deslocados internos, sendo que Kayin e Kayah, mais ao norte do território, são as regiões mais afetadas pelas hostilidades entre os grupos armados.
Desde o ano passado, 170 mil pessoas receberam ajuda emergencial. Os civis têm acesso a cobertores, material para montar tendas, itens para cozinhar, redes mosqueteiras, colchonetes e kits de higiene, além de material de proteção contra a covid-19.
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Além dos conflitos, os civis enfrentam aumento do preço das principais matérias-primas, desemprego e falta de renda
Outra área afetada pelo conflito fica no noroeste de Mianmar, onde 190 mil pessoas continuam deslocadas. Segundo a agência da ONU, o acesso humanitário no país segue restrito pela insegurança e com estradas bloqueadas em algumas regiões. Assim como, os desafios para se obter aprovação de licenças.
No estado de Rakhine, existem 600 mil pessoas da etnia rohingya, muçulmanos que vivem em crise humanitária e com o perigo de limpeza étnica desde 2017, quando uma operação militar atacou violentamente seus vilarejos, fazendo com que mais de 700 mil pessoas procurassem refúgio.
Atualmente, 148 mil pessoas dessa etnia estão em acampamentos, vilarejos e outros locais para deslocados. A situação de conflito entre o governo militar e grupos armados tem incitado que essa população também se locomova internamente em Mianmar ou em países vizinhos.
O porta-voz Saltmarsh disse ainda que as comunidades que estão recebendo esses deslocados continuam tendo papel central em ajudar os civis, demonstrando “solidariedade ao doar o que podem”.
Além dos conflitos, os civis enfrentam aumento do preço das principais matérias-primas, desemprego e falta de renda. Além de interrupções dos serviços básicos e insegurança prolongada.
(*) Com ONU News.