O ativista indígena Leonard Peltier, injustamente condenado em 1975 pelo assassinato de dois agentes do FBI, de acordo com o Congresso Nacional dos Índios Americanos, foi libertado da prisão federal nesta terça-feira (18/02) depois que o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comutou sua sentença no final de sua gestão, em janeiro.
“Hoje estou finalmente livre! Eles podem ter me aprisionado, mas nunca levaram meu espírito! Obrigado a todos aqueles que me apoiaram, de todo o mundo, e que lutaram pela minha liberdade. Finalmente estou indo para casa. Estou ansioso para ver meus amigos, minha família e minha comunidade”, disse Peltier, em comunicado emitido pelo grupo ativista NDN Collective.
O ativista foi libertado de um centro de detenção federal em Coleman, norte da Flórida, por volta das 9h (pelo horário local), de acordo com a agência de notícias Reuters.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o preso político dos EUA de 80 anos, que passou 50 anos encarcerado pelo governo federal, é símbolo global da luta pelos direitos dos povos indígenas. Seus apoiadores, incluindo líderes tribais, passaram anos pressionando por sua liberdade, sob o argumento de que o ativista havia sido falsamente condenado em um julgamento injusto.
“Essa comutação permitirá que o Sr. Peltier passe seus dias restantes em confinamento domiciliar, mas não o perdoará por seus crimes subjacentes”, disse Biden no fim da sua gestão, quando decidiu substituir a pena do ativista por uma mais branda.
O Congresso Nacional dos Índios Americanos comemorou a decisão, chamando-a de “histórica” e acrescentando que o caso “há muito simboliza as injustiças sistêmicas enfrentadas pelos povos indígenas”.

Ativista indígena Leonard Peltier, de 80 anos, após sua libertação da prisão federal em Coleman, na Flórida, nos Estados Unidos
Prisão de Peltier
Leonard Peltier foi preso em 1975 após um tiroteio na Reserva Indígena Pine Ridge, em Dakota do Sul. Na ocasião, houve uma troca de tiros entre agentes do FBI, que invadiram a propriedade privada para cumprir mandados de prisão, e membros do Movimento Indígena Americano (AIM, na sigla em inglês), um grupo de libertação que criticava a brutalidade policial e a discriminação contra os nativos americanos. Peltier estava nele.
O incidente resultou na morte de ambos os agentes, Jack Coler e Ronald Williams, que foram baleados na cabeça. Joseph Stuntz, integrante do movimento, também foi morto.
Peltier, que era membro ativo do AIM, foi um dos indiciados por suposta ligação às mortes de Coler e Williams e condenado por duas acusações de assassinato em primeiro grau, recebendo duas sentenças de prisão perpétua consecutivas. Já outros dois outros membros foram absolvidos por motivos de legítima defesa.
Peltier insistiu que não havia matado os agentes, mas que atirou uma vez, à distância, em legítima defesa. Seus apoiadores também culparam os promotores do caso por ocultar evidências que teriam sido favoráveis ao ativista e fabricarem declarações juramentadas contra ele.
Durante décadas, defensores como Nelson Mandela, o Papa Francisco e James H. Reynolds, procurador dos EUA que cuidou da acusação e apelação do caso de Peltier, lutaram por sua libertação.