O Governo da Argentina, sob a administração do presidente de extrema direita Javier Milei, decidiu nesta quarta-feira (08/08) colocar à venda o prédio que abrigava o antigo Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade, entidade criada em 2019 durante o mandato de Alberto Fernández e que foi eliminada na gestão atual.
Manuel Adorni, porta-voz presidencial, informou a decisão através do canal oficial do governo na plataforma de mensagens WhatsApp. Segundo ele, a venda se insere em uma “estratégia do governo para otimizar a utilização dos ativos do Estado”.
Se decidió vender el edificio donde funcionaba el “Ministerio de las mujeres”.
El mismo tiene un valor aproximado de 12,5 millones de dólares y se encuentra en virtual estado de abandono. En 2021 se iniciaron obras para su reparación: nunca se concluyeron.
Final.
Fin.
— Manuel Adorni (@madorni) August 7, 2024
O representante do governo argentino disse ainda que o prédio “foi utilizado na gestão anterior para propagar uma agenda ideológica sem resultados mensuráveis em indicadores de melhoria”.
Adorni falou sobre o estado do prédio, que atualmente se encontra abandonado e corre risco de desabamento. “Os mais de mil funcionários que trabalhavam no local foram despedidos e, embora as obras de reparação tenham começado em 2021, foram interrompidas, deixando o imóvel num estado de deterioração avançada”, acrescentou.
O porta-voz também especificou que o órgão responsável pela venda do imóvel que abrigava o antigo Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade será a Agência de Administração de Ativos do Estado (AABE), dependente do Chefe da Casa Civil.
A propriedade, localizada no cruzamento da Cochabamba N° 40/44/54 com a Av. Ingeniero Huergo N° 1321/31, bem como Azopardo N° 1310, tem uma área total edificável de 18.000 m² e 7.000 m² construídos. Segundo o representante do governo argentino, o prédio foi avaliado em mais de US$12,5 milhões.
Violência contra a mulher
A venda do imóvel que abrigava o Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade – uma conquista dos movimentos feministas após anos de luta – é apenas uma ação entre diversas que compõem o desmonte de redes em proteção à mulher na Argentina feitas pelo governo Milei.
Antes de fechar a pasta, ele já havia cortado 26,8% do orçamento atribuído a este setor, que incluía recursos para segurança e manutenção da linha telefônica 144 para denunciar ou pedir assessoria e apoio em casos de violência simbólica, obstétrica, laboral, econômica e institucional contra a mulher.
Além disso, o presidente proibiu a linguagem inclusiva e “tudo relacionado com a perspectiva de gênero” dentro do Estado, acusando a falsa “ideologia de gênero” de destruir “os valores da sociedade”.
Segundo o Observatório MuMaLa, movimento feminista latino-americano, entre 1º de janeiro e 30 de maio de 2024 a cada 40 horas uma mulher foi assassinada por violência baseada em gênero. Além disso, foram registradas 216 tentativas de feminicídio na Argentina no mesmo período.
Milei já disse acreditar que “a luta ridícula e antinatural entre homem e mulher” resultou em uma “maior intervenção do Estado para dificultar o processo econômico”.
(*) Com Brasil de Fato e TeleSUR