Uma reportagem publicada nesta terça-feira pelo site argentino La Política Online revelou que seis deputados do partido de extrema-direita A Liberdade Avança realizaram uma visita ao presídio de segurança máxima de Ezeiza, onde se reuniram com repressores condenados por violações aos direitos humanos cometidas durante a última ditadura militar do país (1976-1983).
O encontro ocorreu em segredo, no dia 11 de julho, e foi protagonizado por uma comitiva de parlamentares de extrema direita conformada por Beltrán Benedit, Lourdes Arrieta, Alida Ferreyra, Guillermo Montenegro, María Fernanda Araujo e Rocio Bonacci.
No grupo de repressores que receberam as visitas estavam alguns militares que desempenharam papel de liderança nas violações massivas dos direitos humanos, como Alfredo Astiz, Raúl Guglielminetti, Guillermo Suárez Mason, Antonio Pernías e Adolfo Donda.
A matéria do La Política Online ressaltou que esta é a primeira vez que políticos com mandato vigente visitam condenados por violações aos direitos humanos desde as primeiras condenações aos repressores, a partir de 1985.
Após a publicação da matéria, um dos deputados envolvidos admitiu que o evento aconteceu. O deputado Beltrán Benedit justificou tanto a visita quanto o comportamento dos repressores durante a ditadura. Segundo ele, os militares condenados são “ex-combatentes que lutaram contra a subversão”.
“Fomos ver ex-combatentes que travaram batalhas contra o terrorismo marxista por ordem de um governo legítimo constitucionalmente”, reforçou Benedit.
Durante esta quarta-feira (17/07), várias organizações de defesa dos direitos humanos manifestaram seu repúdio à visita dos parlamentares de extrema direita aos repressores da ditadura argentina.
Uma dessas reações veio das Avós da Praça de Maio, que emitiu um comunicado afirmando considerar “alarmante
o gesto de alguns deputados do partido governista, ao mesmo tempo que seu presidente esvazia as políticas de memória construídas durante 40 anos de democracia”.
“Os genocidas que participaram na reunião foram julgados, entre outros crimes, pela apropriação dos nossos netos. Nunca demonstraram remorso pelos seus crimes nem forneceram qualquer informação sobre o paradeiro dos nossos filhos e filhas, nem sobre os 300 netos e netas que procuramos”, lembraras as Avós.