Um relatório revelou quase 2.400 supostos casos de violência sexual em escolas católicas na Irlanda, sendo que o mais antigo data da década de 1970. As autoridades anunciaram que abrirão uma comissão de investigação sobre o assunto, que poderá se estender além das escolas administradas por congregações religiosas.
O estudo, encomendado pelo governo, mostra que as alegações se referem a 308 escolas ou internatos no país, anteriormente ou atualmente administrados por ordens religiosas.
As alegações dizem respeito a 884 pessoas que trabalharam nessas instituições. Os casos mais antigos datam de 1970 e os mais recentes de 2023. Metade dos supostos autores dos abusos já está morta.
O estudo destaca que a maioria dos abusos ocorreu em instalações para crianças com necessidades especiais. De acordo com o documento, há 590 alegações contra 190 supostos abusadores em 17 dessas instalações.
O órgão que representa as ordens católicas da Irlanda se desculpou e disse que estava “profundamente devastado” e se comprometeu a “cooperar totalmente”.
“Sombra do passado”
O primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, descreveu o escândalo como “uma sombra do passado que continua a pairar sobre tantas vidas, tantas famílias, tantas comunidades”. A ministra da Educação, Norma Foley, disse que “a escala dessa violência é chocante, assim como o número de supostos agressores”.
A investigação foi encomendada após a transmissão do documentário Blackrock Boys sobre violência sexual no internato para meninos do Blackrock College em Dublin.
Inicialmente, o inquérito se concentrou nas escolas administradas por instituições católicas, mas as autoridades não descartam a possibilidade de estendê-lo a outros tipos de estabelecimentos educacionais no futuro.