Itália paga 1ª indenização a familiares de uma das 244 vítimas de massacre fascista
Governo concede 800 mil euros (quase seis milhões de reais) após longa batalha judicial sobre chacina ocorrida em 1944
O governo italiano efetuou, pela primeira vez, o pagamento de uma indenização aos familiares das vítimas das atrocidades cometidas pelas forças fascistas na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.
O montante de 800 mil euros — 5.079440 de reais — foi destinado aos parentes de Metello Ricciarini, uma das 244 pessoas mortas no massacre de Civitella, em Val di Chiana, ocorrido em 29 de junho de 1944. O pagamento foi feito com base em uma lei aprovada em 2022 pelo governo do ex-premiê Mario Draghi.
“Depois de uma longa espera, marcada por vários obstáculos, o Ministério da Economia e Finanças, em conformidade com o decreto 36/2022 promovido pelo governo Draghi, depositou os 800 mil euros para os familiares”, anunciou o senador Dario Parrini, do Partido Democrático (PD).
Parrini, que é vice-presidente do Comitê de Assuntos Constitucionais da Câmara Alta, também lembrou que, no 80º aniversário do massacre, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, visitou o município de Arezzo em 25 de abril.
Ele afirmou que o pagamento representa um “primeiro passo importante” da “batalha de conscientização” em andamento há quase dois anos sobre a compensação para os herdeiros das vítimas de crimes fascistas.

O montante de 800 mil euros foi destinado aos parentes de Metello Ricciarini, uma das 244 pessoas mortas no massacre de Civitella
Nathan Hughes/Flickr
“Essas boas notícias não significam que devemos relaxar. Precisamos continuar nosso compromisso para garantir que os direitos dos herdeiros das vítimas sejam plenamente atendidos”, acrescentou Parrini.
O senador destacou ainda que a indenização foi resultado de uma longa ação judicial iniciada por décadas, conduzida pelo advogado Roberto Alboni, filho de uma das filhas de Ricciarini, Metella, nascida um mês após a morte de seu pai. A decisão que resultou no pagamento foi emitida pela Suprema Corte em 2008, mas a execução da sentença demorou mais de 15 anos.
“Existem ainda centenas de pessoas que esperam justiça, e isso não será alcançado sem uma mudança significativa na postura do governo. É crucial que a mobilização continue”, concluiu Parrini.
(*) Com Ansa.