No dia 3 de novembro, como você sabe, o eleitor norte-americano vai às urnas escolher o novo presidente. Mas não é só isso: eles também vão escolher um terço do Senado, todos os deputados da Câmara e, dependendo do Estado e da cidade, políticos locais, juízes e, em quatro Estados, até se o uso recreativo da maconha será legalizado.
Bom, nesta eleição, Donald Trump e Joe Biden disputam quem vai ocupar a Casa Branca pelos próximos quatro anos. Mas outra coisa também muito importante está em jogo em 2020: o controle da Câmara e do Senado.
Nós já explicamos que os Estados Unidos têm um monte de partido, mas, na prática, democratas e republicanos dominam as esferas de poder mais importantes. E isso acontece também, claro, no poder Legislativo nacional.
Hoje, os democratas têm maioria na Câmara, e os republicanos, no Senado. Esse quadro pode mudar, no entanto. Além de escolher o presidente, os eleitores vão votar para renovar todos os quatrocentos e trinta e cinco deputados da Câmara e um trinta e três dos cem senadores.
Eleições nos EUA #4: Há mais partidos nos Estados Unidos do que você imagina
Se as pesquisas se confirmarem, os democratas têm grandes chances de manter o controle da Câmara. Isso significa que eles podem ditar a pauta do que é votado em plenário, controlar as comissões internas e até iniciar um processo de impeachment contra o presidente – como, aliás, fizeram em 2019.
Cada deputado é eleito por um distrito, que abrange às vezes um bairro, em cidades muito populosas, às vezes várias cidades de um mesmo Estado.
O líder do partido com maior bancada vira o Speaker of The House – não é o porta-voz, mas sim o Presidente da Câmara. Atualmente, quem preside os deputados é a democrata Nancy Pelosi. Cada parlamentar tem um mandato de dois anos, podendo se reeleger quantas vezes quiser.
Agora, para o Senado, a disputa está bem mais acirrada. Os senadores são importantes porque, dentre outras coisas, sabatinam e votam na indicação do presidente para a Suprema Corte, o STF deles. Segundo as pesquisas, os democratas aparecem com alguma chance de retomar o controle do Senado, que perderam em 2016.
Mas… cem senadores… você reparou que este número é par? Americano gosta de trabalhar com número par, né? Pois é. Se cada partido conseguir 50 senadores, ninguém tem maioria, certo?
Errado! Se você tiver a sorte de o vice-presidente dos Estados Unidos ser do seu partido… Isso mesmo: o vice-presidente é o presidente do Senado e só vota se houver necessidade de desempatar. Ou seja: para conseguir maioria no Senado, basta eleger 50 senadores… e o presidente e o vice do país. Fácil, né?
Acha esse modelo estranho? Então deixa te perguntar uma coisa: Você sabe quem é a presidente do Senado da Argentina?
Ela mesma, a vice-presidente Cristina Kirchner! Isso porque a Argentina usa um modelo presidencialista bem semelhante ao americano.
Bom, cada senador tem um mandato de seis anos, também renováveis por quanto tempo ele (e os eleitores, claro) quiser. Joe Biden, por exemplo, exerceu seis mandatos de senador antes de ser eleito vice-presidente de Obama em 2008 (e, sim, por conta disso, Biden também foi presidente do Senado).
Além de presidente, deputado e senador, o eleitor norte-americano precisa fazer outras escolhas. A lista, dependendo do Estado e, às vezes, até da cidade, é bem longa.
Peguemos, por exemplo, o 12º distrito de Nova York, que inclui uma boa parte da ilha de Manhattan e é onde fica a Trump Tower. Neste distrito, os eleitores vão escolher: presidente e vice; deputado; senador; deputado estadual; senador estadual (sim, cada Estado, com exceção do Nebraska, tem seu Senado particular); juiz da Suprema Corte Estadual; juiz do Tribunal de Justiça Municipal.
Em outros lugares, aproveita-se a eleição para fazer um referendo sobre determinados temas estaduais. Em 2020, por exemplo, os eleitores de Arizona, Montana, Nova Jérsei e Dakota do Sul decidem se o uso recreativo da maconha será legalizado. Além disso, a Dakota do Sul e o Mississippi também votam se liberam o uso medicinal da erva.
E, olha, esse é o tipo de assunto com o qual os eleitores realmente se importam. Na eleição de 2012, que reelegeu Barack Obama, eleitores dos Estados do Colorado e de Washington também foram questionados sobre plantio, compra, venda e uso recreativo de maconha. A proposta foi aprovada nos dois Estados e, em Washington, o comparecimento às urnas para votar o assunto foi recorde: 81%. E isso / em um país que o voto não é obrigatório.