Trump assume golpismo, inventa que eleição foi fraudada e mente deliberadamente em discurso na Casa Branca
Republicano disse que ganhou eleições se considerados os "votos legais"; o que Trump chama de "ilegal" são votos vindos pelo correio
O presidente Donald Trump assumiu uma postura golpista frente às eleições dos EUA, disse que a votação "foi fraudada" e mentiu diversas vezes para justificar suas versões.
Em pronunciamento na Casa Branca na noite desta quinta-feira (05/11), Trump falou em "votos legais" e "ilegais". O presidente disse que "se você contar os votos legais, eu ganho facilmente; se você contar os votos ilegais, eles poderão tentar roubar a eleição de nós".
Não existem "votos legais" e "ilegais" - o que Trump chama de "ilegal" são votos vindos pelo correio.
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"Eu desafio Joe [Biden] e qualquer outro democrata a utilizar apenas votos legais. Nós queremos eleições honestas, apuração honesta", afirmou o republicano.
As maiores emissoras norte-americanas - CBS, ABC e NBC - cortaram o discurso de Trump no meio para desmentir o presidente. A Fox News, emissora de linha conservadora, também corrigiu o discurso de Trump e o criticou por apresentar acusações sem provas ou base na realidade.
WATCH: "OK. Here we are again in the unusual position of not only interrupting the president of the United States, but correcting the president of the United States," Brian Williams says on @MSNBC moments into the president's statement tonight. pic.twitter.com/2AliTQuSsr
— MSNBC (@MSNBC) November 6, 2020
O republicano ainda declarou, falsamente, vitória na Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte. A apuração nesses Estados ainda não foi concluída e o vencedor ainda não está definido.

Reprodução
Em discurso, Trump, sem provas, disse que há fraude na eleição - o que é falso
Trump ainda afirmou que diversos observadores republicanos foram "impedidos" ou "bloqueados" no acompanhamento da contagem dos votos. Desde quarta-feira, a campanha do mandatário moveu processos judiciais em diversos Estados alegando tais interrupções. A maioria deles foi negada pelas cortes locais, enquanto a imprensa norte-americana não confirmou nenhum incidente do tipo.
Ainda sobre as ações judiciais, Trump disse que a grande quantidade delas se justifica porque, segundo o mandatário, o sistema votos pelo correio é "injusto". "Há muita briga judicial acontecendo e esse é um caso em que eles estão tentando roubar a eleição e não podemos deixar isso acontecer", disparou o mandatário, sem apresentar provas ou citar fontes.
"Eu venho falando sobre votos pelo correio há muito tempo, isso destrói nosso sistema, é um sistema corrupto e torna as pessoas corruptas, mesmo se elas não forem por natureza. Elas querem achar quantos votos precisam e eles parecem ser capazes de encontrá-los Eles esperam, esperam e então os encontram. É incrível como esses votos pelo correio vão só para um lado", disse Trump.
Ao dizer que "ganhou" na Pensilvânia, Trump afirmou que tinha uma diferença de mais de 90 mil votos sobre Joe Biden. Na verdade, a apuração continua no Estado e o republicano lidera com quase 64 mil votos.
A mesma coisa com a Geórgia, quando Trump disse que tinha uma vantagem de mais de 300 mil votos sobre Biden "na noite da eleição", mas reclamou que a diferença está diminuindo.
Sobre Michigan e Wisconsin, dois Estados em que Biden foi declarado vitorioso, Trump afirmou que obteve uma "grande margem" e foi "fantasticamente bem".
Trump atacou as cidades de Detroit, no Michigan, e Filadélfia, na Pensilvânia, e disse que são "conhecidos como os lugares mais corruptos em nosso país e não podem ser responsáveis por elaborar o resultado de uma eleição presidencial".
Os ataques do presidente são direcionados a cidades em que Joe Biden venceu, no caso de Detroit, e aparece como favorito, no caso de Filadélfia.
O presidente também chamou as pesquisas de opinião de "falsas" e disse que elas interferiram no resultado. Na realidade, a maioria das sondagens indicavam, sim, um favoritismo de Biden, mas votações apertadas em estados como Texas e Flórida, que acabaram dando vitória ao republicano.
Trump ainda se vangloriou de "vitórias massivas" que obteve na Flórida, Iowa, Indiana e Ohio, apesar da "interferência histórica da grande mídia".