O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta terça-feira (05/07) que a reabertura comercial das fronteiras do país com a Venezuela e a devolução da empresa de fertilizantes Monómeros ao governo venezuelano são temas prioritários para as relações entre Bogotá e Caracas.
Em entrevista à rádio colombiana WRadio, o próximo mandatário confirmou que já conversou com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e destacou a importância de restabelecer as relações com o país vizinho.
"Não conversamos de temas específicos, mas existem alguns temas prioritários, como reabrir o comércio na fronteira, recuperar as fronteiras nos Estados dos dois lados [...] e um terceiro que diz respeito à Monómeros", afirmou Petro.
Localizada em Barranquilla, na Colômbia, a Monómeros é uma empresa colombo-venezuelana cuja dona majoritária é a Pequiven, petroquímica estatal que pertence à Venezuela. Uma das maiores produtoras de fertilizantes da região, a companhia está, desde 2019, sob controle de opositores nomeados pelo autodeclarado presidente Juan Guaidó com anuência do governo colombiano, já que o atual presidente Iván Duque não reconhece o governo Maduro.
Responsável pela produção de cerca de 50% dos fertilizantes utilizados em produções colombianas e com 1,4 mil postos de trabalho, desde que passou às mãos de Guaidó a empresa foi centro de diversos casos de má gestão e disputas internas da oposição pelo controle de seus rendimentos, que passaram a financiar as atividades do “governo interino”.
Em setembro de 2021, a Superintendência de Sociedades, organismo vinculado ao Ministério do Comércio da Colômbia, colocou a empresa sob seu controle, alegando a necessidade de "sanar a situação crítica de ordem jurídica, contábil, econômica e administrativa".
"Monómeros era a empresa que fazia na Colômbia a maior parte dos fertilizantes para a agricultura que agora estamos importando a preços três vezes mais altos que os preços que existiam no começo da crise e isso gerou o aumento de todos os preços de alimentos", afirmou Petro nesta terça-feira.
Ainda de acordo com o presidente eleito, o plano de seu governo passa por recuperar a Monómeros para combater a inflação dos alimentos, pois "se conseguirmos resgatar a produção subsidiada de fertilizantes, poderemos resolver um problema maiúsculo que é a fome".
Perguntado sobre a devolução da empresa ao Estado venezuelano, Petro respondeu que será feita, já que a produção de fertilizantes depende da ureia que a Pequiven produz para se reativar e Guaidó, por sua vez, não tem comando sobre a petroquímica venezuelana.
"A dona da Monómeros é a Pequiven e a Pequiven produz ureia. Depois do que o atual presidente fez, nós perdemos essa ureia. Eu não sei se é Guaidó ou Leopoldo López, não sei quem é o dono da Monómeros hoje, mas sei que não é a Pequiven. Então nós perdemos essa matéria-prima fundamental. Com essa perda e um estrangulamento financeiro, segundo os meus relatórios, por culpa de funcionários colombianos, a empresa acabou praticamente encerrando suas operações e perdeu mercado. [...] Esse é um tema de pragmatismo. Para quê queremos a Monómeros? Não é para entregá-la a um funcionário público colombiano para que ele a privatize e fique com essa empresa. Queremos a Monómeros se podemos manter o envio da ureia a preços módicos como era antes e portanto baixar o preço dos fertilizantes. Isso é ser pragmático. Se Guaidó pudesse me trazer a ureia da Pequiven eu não diria 'não', mas isso não é uma realidade, vocês sabem, esse senhor não pode trazer nem uma garrafa de ureia", afirmou Petro.