Die Linke, partido da esquerda alemã, obteve neste domingo (26/09) seu pior resultado eleitoral desde 2002. Segundo projeções das emissoras alemãs, a agremiação terminará a apuração com 5% dos votos, no limite da cláusula de barreira.
No entanto, segundo o jornal Tagesspiegel, a agremiação conseguiu três assentos de mandatos diretos e, garantiu, assim, seu status como bloco partidário no Bundestag, o Parlamento alemão. O resultado final deve ser divulgado somente durante a semana.
O sistema eleitoral alemão é diferente do brasileiro e cada eleitor tem direito a dois votos: o primeiro, chamado de mandato direto, escolhe um candidato do distrito onde esse eleitor mora. O segundo voto é dado a um partido, que apresenta uma lista de candidatos.
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Metade do Bundestag é escolhido pelo mandato direto; a outra, pelos votos nas listas. Se um partido não atinge os 5% no segundo voto ou não obtém ao menos três deputados no primeiro, não perde os mandatos, mas deixa de ser considerado um bloco partidário e perde força no Parlamento.
Ainda de acordo com o Tagesspiegel, Die Linke ganhou dois distritos do leste de Berlim e um (por pouco) no sul de Leipzig, cidade a 150 km da capital alemã.
Se não tivesse passado pela cláusula de barreira, os assentos que seriam destinados ao Die Linke (com exceção dos de mandato direto) seriam redistribuídos aos outros partidos.
Nas últimas eleições, em 2017, quando teve 9,2% do segundo voto, o partido conseguiu 5 mandatos diretos (de primeiro voto), cumprindo, assim, a cláusula de barreira. Die Linke é forte em regiões ao leste da Alemanha, principalmente na antiga Berlim Oriental.
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Janine Wissler (esq.), Dietmar Bartsch (centro) e Susanne Hennig-Wellsow (dir.) discursam para apoiadores de Die Linke após resultados
E isso não é à toa: o partido é herdeiro do SED (Partido Socialista Unificado da Alemanha), que governou a Alemanha Oriental durante praticamente toda a existência do país (1949-1990). A força de Die Linke no leste alemão fica mais visível quando se observam os mapas de votação: normalmente, nesta região, o partido ultrapassa os dois dígitos nos votos. O problema é que, no oeste (na antiga Alemanha Ocidental), Die Linke praticamente some.
Os líderes do partido passaram a noite (tarde no Brasil) lamentando o resultado e dizendo que precisarão rever muitas coisas para evitar desempenho semelhante nas eleições seguintes. Em entrevista à emissora ARD, o deputado Dietmar Bartsch chegou a dizer que esta era uma “noite muito decepcionante”.
Por sua vez, a deputada Susanne Hennig-Wellsow admitiu que o partido “cometeu muitos erros” e que, “após trinta anos na oposição, não teve uma noite bonita”. “Mas acredito que vamos permanecer [no Bundestag]”, afirmou.