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Eleições 2021 no Chile

Boric nas ruas, Kast nas redes: como foi a reta final da campanha para o 2º turno no Chile

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Gabriel Boric, de esquerda, realizou comícios e acumulou apoios internacionais; já Kast, de extrema direita, apostou em atacar adversário nas redes sociais

Victor Farinelli

Santiago (Chile)
2021-12-18T18:30:00.000Z

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Não é apenas nos programas de governo que Gabriel Boric e José Antonio Kast divergem. Os dois candidatos que disputam a Presidência do Chile no 2º turno, que será realizado neste domingo (19/12), adotaram estratégias muito diferentes na reta final da campanha eleitoral, que se encerrou na última quinta-feira (16/12). 

Boric, da coalizão Aprovo Dignidade (Frente Ampla e Partido Comunista), resolveu fortalecer o contato com os eleitores em eventos realizados em diferentes cidades. Já o ultradireitista Kast, do Partido Republicano, preferiu fortalecer sua campanha através das redes sociais e alcançou muita repercussão quando conseguiu impor como principal tema de campanha uma suposta denúncia de assédio sexual contra o seu adversário.

No início desta segunda fase da campanha, os dois candidatos se viam quase em igualdade de condições. Kast venceu o primeiro turno com 27,9% dos votos, enquanto Boric ficou logo atrás, com 25,8%.

Além da pequena diferença entre ambos, o panorama mostrava que havia cerca de 46% de votos que foram entregues a outros candidatos e que passaram a estar em disputa, sem contar as pessoas que não votaram no primeiro turno – a participação eleitoral naquela jornada foi de apenas 47,3% – e que precisavam ser conquistadas.

Boric: comícios e apoios internacionais

A campanha de Gabriel Boric apostou na mobilização nas ruas como principal estratégia para conseguir os votos necessários para virar o jogo no segundo turno.

Durante as quatro semanas de campanha, Boric conseguiu realizar grandes eventos em quase todas as capitais de província do país, incluindo algumas onde sua votação no primeiro turno foi bastante baixa, como Antofagasta, Temuco e Valdívia. Também houve vários eventos na Região Metropolitana de Santiago, especialmente nos bairros da periferia. O ato de encerramento da campanha foi em um dos parques mais importantes do centro da capital chilena.

Para conseguir essa façanha, o candidato da esquerda também se aproveitou de apoios especiais. O primeiro deles foi o de Izkia Siches, que renunciou ao cargo de presidente do Colégio Médico do Chile para assumir a chefia da campanha no segundo turno.

Siches foi uma aliada vital para a reviravolta na campanha, já que se trata de uma das figuras com maior popularidade no país desde o início da pandemia do coronavírus – inclusive, chegou a ser especulada como possível presidenciável e sua participação na campanha fazem a imprensa apostar que ela poderá ser a primeira mulher a assumir como ministra do Interior caso Boric seja eleito presidente.

Além disso, Izkia Siches é oriunda do norte do Chile, território que historicamente é bastião da esquerda, mas que este ano mostrou uma votação bastante favorável a Kast, devido ao discurso contra os imigrantes venezuelanos e colombianos, cujas comunidades cresceram muito nessas regiões nos últimos anos.

Outro apoio decisivo foi o da ex-presidente Michelle Bachelet, atual Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, que foi manifestado em um vídeo publicado nesta terça-feira (14/12) por sua fundação.

A campanha de Boric também somou apoio de importantes movimentos sociais e grupos que lideraram as manifestações durante a revolta social de 2019, mas que não tomaram partido por nenhum candidato no primeiro turno. Entre esses grupos está a Coordenadora Feminista 8M, Modatima (contra a propriedade privada das águas), Fundação Iguales (comunidade LGBTIQ+), Territórios em Rede (regionalistas) e No+AFP (contra o sistema de previdência privada).

Também foram muitos os apoios internacionais ao candidato da esquerda, entregues por personalidades como o ativista e ex-candidato presidencial brasileiro Guilherme Boulos, os músicos Roger Waters e Residente, o ator Danny Glover, o economista Thomas Piketty, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o ex-presidente da Espanha, José Luis Zapatero, e a atual prefeita de Paris, Anne Hidalgo. O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à Argentina no dia 10 de dezembro, vestiu um boné da campanha do candidato e posou ao lado de militantes que carregavam bandeiras em apoio a Boric.

Reprodução
Boric realizou comícios e acumulou apoios internacionais; já Kast apostou em atacar seu adversário nas redes sociais

Kast: redes sociais e viagem aos EUA

Já a segunda fase da campanha de José Antonio Kast, candidato da extrema direita, começou com a busca de apoios de candidatos que ficaram pelo caminho no primeiro turno. O ultradireitista conseguiu facilmente o de Sebastián Sichel, único outro candidato abertamente de direita, que ficou em quarto lugar (12,7%).

Como Sichel era o candidato mais ligado ao presidente Sebastián Piñera no primeiro turno, isso também significou que toda a base aliada governista passou a trabalhar a favor de Kast, o que rendeu inclusive algumas denúncias da coalizão de Boric ao Servel (Serviço Eleitoral do Chile), por suposto intervencionismo eleitoral.

Porém, o apoio que Kast mais queria virou tema de algumas controvérsias. Se trata de Franco Parisi, candidato que se definia como nem de esquerda nem de direita e que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 12,8% dos votos.

O problema é que Parisi vive nos Estados Unidos é tem ordem de detenção no Chile devido a uma dívida de cerca de 122 milhões de pesos (cerca de 820 mil reais) em pensões alimentícias para os seus filhos, razão pela qual seu caso é um verdadeiro fenômeno, já que conseguiu sua votação sem jamais colocar um pé no país durante toda a campanha.

Para conseguir os votos de Parisi, Kast viajou aos Estados Unidos para se reunir com seus assessores, na última semana de novembro. Dias depois, ambos os políticos realizaram uma live no YouTube, plataforma que foi preponderante para a campanha de Parisi, na qual conversaram sobre suas ideias semelhantes.

Apesar de Parisi não afirmar abertamente seu apoio a Kast, ele e seu partido passaram a atacar fortemente Boric depois do programa no YouTube e inclusive fizeram uma segunda live, nesta última terça-feira (14/12), na qual o ex-candidato passou duas horas criticando cada artigo do programa de governo do presidenciável da esquerda.

Assim como no primeiro turno, as redes sociais foram a principal plataforma da campanha de Kast na segunda volta, especialmente Whatsapp e Twitter. O candidato realizou poucos eventos com presença de público – exceto alguns para setores específicos, como caminhoneiros e evangélicos, mas que não chegaram a ser massivos.

A campanha da extrema direita chilena nas redes sociais foi mais focada em atacar Gabriel Boric do que em promover José Antonio Kast e suas ideias. As acusações foram várias, dizendo que Boric era viciado em drogas, ou que iria confiscar fundos previdenciários, entre outros. Mas nenhuma das acusações teve tanta repercussão, nas redes e na mídia, quanto a do suposto caso de assédio sexual envolvendo o presidenciável de esquerda.

A denúncia é baseada em uma situação real, que foi denunciada pela vítima: em 2012, quando Boric era presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, ele teria tido atitudes machistas com uma colega da organização estudantil, situação que ela reclamou em sua conta de Twitter no passado.

A equipe de Kast resgatou aqueles tuítes e os usou contra Boric, classificando o caso como assédio sexual. Além disso, a extrema direita aproveitou para fazer duras críticas ao movimento feminista, que apoia Boric, por não defender a vítima.

O caso deixou de ser tema de campanha no domingo passado (12/12), quando a própria vítima publicou uma declaração dizendo que o caso não configurava assédio, mas sim “atitudes machistas”, e que já havia sido superado, pois ambos conversaram recentemente sobre o acontecido e Boric pediu desculpas por seu comportamento.

Além disso, ela acusou a campanha de Kast de se aproveitar do seu caso para fins eleitorais sem o seu consentimento, afirmando que isso “também é uma violência contra a mulher”.

Quem vai ganhar as eleições no Chile?

Assim como no primeiro turno, a divulgação de pesquisas passou a ser proibida duas semanas antes do dia da votação – ou seja, desde o dia 5 de dezembro.

Todas as pesquisas publicadas naquele fim de semana mostraram uma vantagem de Boric sobre Kast. Porém, o tamanho dessa vantagem é bastante diferente entre cada instituto.

Por exemplo, a sondagem da consultora Black&White mostrou uma diferença dentro do empate técnico: 51% para Boric contra 49% para Kast. Já o instituto Pulso Ciudadano mostrou a maior vantagem: 42% para Boric contra 28% para Kast, uma diferença de 14%.

A pesquisa que chegou mais perto do resultado no primeiro turno foi o da consultora Cosa Nostra, cuja última pesquisa de segundo turno apontou 46% para Boric contra 40% para Kast.

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Direitos Humanos

Exército de Israel invade e fecha sete organizações de direitos humanos da Palestina

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Grupos entraram na lista de 'organizações terroristas' e sofreram ataque na madrugada desta quinta (18/08) na Cisjordânia

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-18T19:05:00.000Z

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Nesta quinta-feira (18/08), militares de Israel invadiram e fecharam a sede de sete organizações não governamentais e de direitos humanos palestinas nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na região ocupada da Cisjordânia. Seis delas já haviam sido caracterizadas por Israel como organizações “terroristas”, em outubro de 2021, e acusadas de ter vínculos com a Frente Popular de Libertação pela Palestina (FPLP).

Os escritórios das organizações foram saqueados e seus equipamentos confiscados. As portas foram fechadas com solda, com uma ordem militar israelense declarando a "ilegalidade" das organizações.

As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para "consciência"), al-Haq (palavra para "justiça"), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento, Comitê da União das Mulheres Palestinas (UPWC) e o Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde (UHWC).

"Encontramos um documento colado na porta, apenas em hebraico, dizendo que esta é uma organização fechada, não temos permissão para entrar e nenhum período de tempo é especificado", denunciou o diretor do Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde, Mazen Rantisi. 

A ação militar aconteceu na madrugada, logo após o assassinato de  Waseem Nasr Khalifa, de 20 anos, no campo de refugiados de Balata, arredores da cidade de Nablus, norte da Cisjordânia ocupada. Outros  quatro palestinos ficaram feridos por arma de fogo, três  estariam em estado crítico. Os diretores das organizações de direitos humanos dizem que já esperavam a repressão das forças israelenses após serem classificadas como "organizações terroristas" e agora temem por possíveis detenções ou outras represálias.

Existem aproximadamente 4,5 mil palestinos detidos em prisões israelenses, deste total, cerca de 500 são presos administrativos - sem acusação formal ou julgamento.  

"Este ataque visa intimidar e reestruturar a sociedade civil palestina para parar de documentar e expor os abusos e violações da ocupação israelense", disse Shawan Jabarin, diretor-geral da organização de direitos humanos Al-Haq. 

As ONGs, no entanto, asseguram que continuarão seu trabalho. "Não é um trabalho para nós, é convicção, é fé", disse Jabarin. Os grupos afetados ainda convocaram um protesto em frente aos escritórios da Al-Haq no centro de Ramallah na quinta-feira ao meio-dia para protestar contra as incursões e o fechamento de seus escritórios.

Reprodução
Forças de Israel invadem sedes de organizações não-governamentais nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na Palestina ocupada

O secretário-geral do Comitê Executivo da Organização pela Liberdade Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenou o fechamento dizendo que a decisão busca silenciar a "voz da verdade e da justiça". 

"Vamos apelar a todos os órgãos internacionais oficiais e instituições de direitos humanos para intervir imediatamente para condenar esse comportamento dos ocupantes e pressioná-los a reabrir as instituições para que possam exercer suas atividades livremente", publicou.

O presidente do Conselho Nacional Palestino, Rawhhi Fattouh classificou a ação como "um ato de intimidação e uma tentativa desesperada de encobrir as provas dos crimes e violações diários do ocupante contra civis palestinos".

Já o ministro de Justiça da Palestina, Mohammad Shalaldeh, disse que irá solicitar uma posição do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e do Conselho de Segurança. "Esse ataque fere o princípio internacional dos direitos humanos". 

Com a campanha "Stand we the six" (Apoie os seis) meios de comunicação palestinos e israelenses se solidarizaram com as ONGs palestinas. "Este regime [de Israel] considera a repressão violenta uma ferramenta legítima para controlar os palestinos, mas define a atividade civil não-violenta como terrorismo", declaram em comunicado.

As organizações palestinas também tiveram apoio de representantes da Missão Europeia e outros países, entre eles de Bélgica, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, México, Holanda, Noruega, Polônia, Espanha, Suécia e Reino Unido. 

A Igreja Episcopal de Ramallah publicou uma declaração em solidariedade e exigindo uma investigação completa do caso. 

A relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francisca Albanese, também condenou a ação de Tel Aviv. "Minha total solidariedade às ONGs palestinas que acabam de ter seus escritórios invadidos pelas forças israelenses. Esta nova ação ilegal é prova de seu excelente trabalho pela justiça e direitos humanos palestinos, e o pânico moral que estão causando ao ocupante", publicou.

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