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Eleições 2021 no Equador

Entenda o que está em jogo nas eleições presidenciais no Equador

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Arauz e a esquerda têm mostrado grande força política na situação mais adversa: fora do poder, sem recursos econômicos e sob constante cerco

Daniel Kersffeld

Ruta Krítica Ruta Krítica

Quito (Equador)
2021-02-07T14:40:00.000Z

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Em termos pessoais, mesmo não sendo candidato, Rafael Correa entrou de cabeça nessas eleições. Em caso de derrota, é praticamente impossível que sua situação judicial, que o mantém suspenso de qualquer atividade política no Equador, seja revista. De fato, podemos pensar que sua situação pode ser piorada para provocar um sentimento maior de derrota na esquerda.

Agora, caso Andrés Arauz, seu candidato, ganhe, Correa se destacará na política equatoriana, se beneficiando por não ocupar um cargo institucional e não sofrer consequências de desgaste. Com a derrota dos outros candidatos, especialmente os da direita, Correa se tornaria o principal ator político do Equador.

Para além do resultado nas eleições, o "correísmo" e a esquerda em geral têm mostrado grande força política na situação mais adversa: fora do poder, sem recursos econômicos e sob constante cerco.

Apesar de todas as negativas, a constituição de uma frente política, a escolha do candidato presidencial e a campanha contribuíram para revitalizar a esquerda e coordenar sua mobilização a nível nacional, abrindo até a possibilidade de começar a pensar em uma expansão geracional progressivamente.


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Por outro lado, caso Guillermo Lasso perca a eleição, uma grande questão se abrirá nas fileiras da direita. Junto com seu ex-rival e hoje aliado Jaime Nebot, do Partido Social Cristão, Lasso representa a direita de estilo empresarial.

Embora pretenda se apresentar como um candidato com "ideias novas", o fracasso econômico e social do governo Lenín Moreno, que deu uma guinada do "correísmo" ao neoliberalismo, representa a pior publicidade que as propostas de Lasso poderiam receber nesta campanha.

Além disso, caso a derrota de Lasso ocorra, será também a derrota de todo um projeto conservador e neoliberal no Equador. Essa direita não vai desaparecer, mas perderá sua hegemonia diante de outras vertentes que estão se constituindo atualmente.

Assim, podemos pensar em uma direita neoliberal coexistindo em tensão com outra direita mais populista e autoritária (no estilo de Bolsonaro, no Brasil), mesmo com uma presença cada vez mais ampla da corrente evangélica, que faz sua estreia nesta eleição. Da mesma forma, diante da crise de suas figuras históricas (Lasso e Nebot, mas também Abdalá Bucaram, Álvaro Noboa e Lucio Gutiérrez), é possível pensar na ascensão de lideranças do centro à direita, com uma visão mais "moderna" e até mesmo "social".

Reprodução/Andrés Arauz
Arauz e a esquerda têm mostrado grande força política na situação mais adversa: fora do poder, sem recursos econômicos e sob constante cerco

Com a candidatura de Yaku Pérez, terceiro colocado em pesquisas das eleições presidenciais, o movimento indígena vive a conclusão de um ciclo que começou com as mobilizações de outubro de 2019. Porém, esse compromisso político visa se distanciar de sua origem no conflito e, em vez disso, briga para assumir um perfil baseado na ordem, na estabilidade e no progresso social, uma contradição difícil de manejar.

Se for para o segundo turno, Pérez seria um candidato perigoso para Aráuz, porque poderia construir uma frente antigovernamental com mais sucesso do que um candidato da direita neoliberal como Lasso. Porém, se houver um segundo turno, é bem provável que essa nova aposta política do partido Pachakutik termine fora da batalha principal e terá que negociar suas bases eleitorais com os dois candidatos do segundo turno.

Além de Arauz, Lasso e Pérez, nenhuma das outras 13 candidaturas tem chance real de vitória ou, pelo menos, de ir para o segundo turno. A previsão de seus "estrategistas políticos" é negociar posições ou benefícios em troca de apoio. No melhor dos casos, para tentar conquistar um espaço no Parlamento ou, eventualmente, para posicionar um candidato para futuras eleições. Não mais do que isso.

O governo de Lenín Moreno entrou pela porta da frente e saiu pela janela. Operou uma virada ideológica impensável e fez o trabalho de uma direita neoliberal que desde 2006 não consegue triunfar por vias eleitorais. Em nível regional, foi um governo verdadeiramente exótico, pois em outros casos (como Mauricio Macri na Argentina, Sebastián Piñera no Chile e Luis Lacalle Pou no Uruguai) a formação de governos neoliberais se deu a partir de eleições. Não houve surpresas ou mudanças no projeto político prometido. A solidão de Moreno e sua saída do governo sem herdeiros políticos podem explicar um fim de ciclo na história recente do Equador.

*Daniel Kersffeld é doutor em estudos latino-americanos pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM)

*Publicado originalmente em Ruta Krítica

Análise

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Política e Economia

Após ataque em usina, Irã anuncia que enriquecerá urânio a 60%

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Porcentagem se aproxima dos 90% necessários para construir armas nucleares; Teerã acusa Israel de 'sabotagem' em ataque contra usina

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2021-04-13T21:39:00.000Z

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O governo do Irã anunciou nesta terça-feira (13/04) que iniciou o processo para enriquecer urânio a 60% de pureza, se aproximando dos 90% necessários para construir armas nucleares, na usina de Natanz.

A decisão foi revelada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, após um ataque ao principal complexo nuclear do país, em Natanz. Em comunicado, ele afirma que já informou a medida para a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) em carta.

"A partir desta noite, os preparativos práticos para o enriquecimento de 60% começarão em Natanz", declarou o porta-voz da agência nuclear iraniana Behrouz Kamalvandi, segundo a agência de notícias Fars. "Urânio enriquecido a 60% é usado para fazer uma variedade de radiofármacos".

O anúncio é feito no momento em que ocorre negociações em Viena sobre a retomada do acordo nuclear, que inclui o Reino Unido, a França, Alemanha, Rússia e China e discute a possibilidade de um retorno dos Estados Unidos, já que o ex-presidente Donald Trump deixou o pacto em 2018.

O acordo de 2015 prevê um limite de 3,67% para o enriquecimento de urânio no Irã e o uso somente de centrífugas IR-1 de primeira geração. Desde janeiro passado, no entanto, o governo iraniano iniciou o enriquecimento de 20% na fábrica de Fordow, perto de Qom.

Wikimedia Commons
Segundo vice-chanceler iraniano, país vai instalar mais mil centrífugas na usina nuclear de Natanz

No último sábado (10/04), o Irã já havia revelado ter iniciado uma nova cadeia de 164 centrífugas IR-6 na planta de enriquecimento de urânio em Natanz e começado experimentar centrífugas IR-9, que devem enriquecer urânio 50 vezes mais rápido que as da primeira geração. "O Irã vai instalar mais mil centrífugas na usina nuclear de Natanz", comunicou Araghchi ao canal de televisão Press TV.

Ataque em Natanz

Um dia após a declaração sobre a nova cadeia de centrífugas, Teerã afirmou ter sido alvo de "terrorismo antinuclear" e atribuiu uma pequena explosão na usina a uma "sabotagem" provocada por Israel, segundo o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamamad Javad Zarif.

"O que eles fizeram em Natanz, eles pensaram que seria uma desvantagem para o Irã. Garanto que em um futuro próximo Natanz vai mudar para centrífugas mais sofisticadas. Os israelenses fizeram uma aposta ruim", disse. 

Israel, por sua vez, não assumiu a responsabilidade do ataque, mas a imprensa israelense relatou que o apagão ocorreu em decorrência de um ciberataque realizado pela nação. Já o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, deixou claro que não permitirá que o Irã construa armas nucleares.

(*) Com Ansa.

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