Milhares de apoiadores do candidato de esquerda à Presidência do Peru, Pedro Castillo, foram às ruas de Lima na noite deste sábado (13/06) para repudiar as acusações sem provas de supostas fraudes no pleito feitas por Keiko Fujimori e pedir que os resultados da votação sejam respeitados.
Em concentração em frente à sede do partido Peru Livre na capital peruana, movimentos sociais e militantes da legenda defenderam a vantagem que Castillo possui na apuração.
O professor e sindicalista participou do ato e pediu que a vontade do povo nas urnas seja respeitada. “Que a mobilização de hoje expresse ao Peru e ao mundo nossas esperanças de uma mudança para um país mais justo”, disse Castillo.
O candidato também mencionou sua rival de extrema direita e afirmou que, “diante daqueles que querem nos provocar, ofereçamos nossa alegria e respeito”.
Veja os últimos números da apuração:
A liderança do Peru Livre ainda pediu que as autoridades eleitorais do país “não prolonguem mais” a confirmação dos resultados.
Até às 10h deste domingo (13/06), apuração alcançava 99,935% das urnas contabilizadas, colocando Castillo como virtual presidente eleito do país. Segundo o jornal La Republica, existem 270 pedidos de recursos de atas de votação que estão em mãos do Júri Nacional Eleitoral (JNE) e os resultados oficiais só serão publicados quando o órgão terminar de processar esses pedidos.
Centenas de apoiadores de Castillo permanecem em frente ao prédio do JNE na manhã deste domingo, pedindo transparência e aguardando a proclamação oficial da vitória do candidato de esquerda.
Perú Libre/Reprodução
Manifestantes seguem aguardando do lado de fora da Justiça Eleitoral
Keiko volta a falar em 'fraude'
A candidata de extrema direita Keiko Fujimori voltou a falar neste sábado em fraude nas eleições, mesmo sem apresentar provas das acusações.
A conservadora chegou a dizer que que a “esquerda internacional” está tentando modificar o resultado do pleito.
Após as declarações, Keiko participou de uma marcha a seu favor em Lima e defendeu os pedidos de recurso que apresentou ao JNE. “O que não pode acontecer é que escondam todas as falcatruas que fizeram nas mesas”, disse.
Embora insista no discurso de fraude, Keiko não apresentou provas das suas acusações e foi desmentidas por observadores internacionais que acompanharam a eleição.
Manobra para reverter vantagem de Castillo
As manifestações para defender os resultados da eleição ocorrem depois da Justiça Eleitoral ter voltado atrás de uma decisão que poderia retirar a vantagem de Castillo na reta final da apuração.
Na última sexta-feira (11/06), o Júri Nacional Eleitoral (JNE) havia decidido, contrariando a legislação peruana, prorrogar o prazo para recebimento de recursos que poderiam anular votos das eleições.
Após várias reações negativas e condenações por parte do partido Peru Livre, o JNE voltou atrás e, por três votos a um, suspendeu a medida.
Apesar de legalmente oferecer a possibilidade para ambos os partidos apresentarem novos recursos, a ação poderia beneficiar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, que está perdendo a eleição e já havia anunciado, na noite do mesmo dia em que o prazo se esgotou, que entraria com recursos para tentar anular 200 mil votos por uma suposta fraude para a qual, até agora, não obteve nem apresentou provas.
Ainda na noite de sexta-feira, o JNE emitiu uma nota confirmando a reversão da medida e afirmando que o pedido para prorrogar o prazo para a apresentação de recursos foi apresentado pelo partido da candidata derrotada, Keiko Fujimori.