Apoiadores de Pedro Castillo vão às ruas no Peru em apoio ao vencedor das eleições
Nome do Peru Livre venceu as eleições, mas Justiça Eleitoral avalia pedidos de anulação de atas; simpatizantes pedem respeito aos resultados eleitorais
Milhares de eleitores e apoiadores de Pedro Castillo foram às ruas de Lima na noite deste sábado (19/06) para pedir que a democracia seja respeitada e o professor da educação básica seja declarado novo presidente do Peru.
Castillo, do Peru Livre, venceu as eleições com 50,12%, uma vantagem de 41 mil votos em relação a Keiko Fujimori, do Força Popular, que obteve 49,87% da votação. A organização exige que o resultado das urnas seja respeitado.
Organizações sociais de direitos humanos, sindicatos e partidos aliados convocaram uma passeata na capital e em outras cidades peruanas com o lema “Pela defesa da democracia e da Pátria, não pelo golpe de Estado” para apoiar o vencedor das eleições.
Há duas semanas do segundo turno e cinco dias do fim da apuração, a Justiça Eleitoral ainda não declarou Castillo vencedor oficialmente, porque permanece avaliando pedidos de anulação de atas eleitorais.
A concentração ocorreu na Plaza Dos de Mayo, no Cercado de Lima, e de lá a marcha mudou-se para a Plaza San Martín. Diante dos milhares de manifestantes, foi exibida uma faixa com a legenda “pela defesa do voto popular” e cartazes marcando a presença de delegações de Puno, Tacna e Huancavelica, entre outras regiões.
Durante a manifestação convocada pelo partido Peru Livre, a ex-candidata à Presidência, Verónika Mendoza também expressou seu apoio à vitória da esquerda. “Ficaram para trás os tempos de colônia, onde sugeriam que existiam cidadãos de primeira e segunda categoria. Aqui nessa praça vamos recordar que estamos no século XXI, em democracia, todos os cidadãos e votos valem exatamente igual”, afirmou a líder do partido Novo Peru.
Enquanto isso, Castillo inicia uma agenda de chefe de Estado, reunindo-se com ex-candidatos, empresários e com a Associação de Prefeitos.
O Júri Nacional Eleitoral (JNE) continua em sessão permanente e ressaltou que nos outros anos a situação não foi diferente. Em 2011 as eleições foram realizadas no dia 5 de junho e o resultado promulgado no dia 23 de junho. Já em 2016, tardaram 23 dias em oficializar o vencedor.
Reprodução/ @PedroCastilloTe
Simpatizantes do partido Peru Livre se mobilizaram em marchas para exigir que se respeite resultado das urnas
Nos últimos dias, militares aposentados, que apoiaram o regime de Alberto Fujimori (1990-2000), pai de Keiko, emitiram uma carta convocando as Forças Armadas a tomar o poder para defender o país de uma suposta “ameaça comunista”.
A carta enviada às Forças Armadas, diz que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica do Peru não devem reconhecer Pedro Castillo como presidente.
O atual chefe de Estado, Francisco Sagasti, ressaltou que o papel das Forças Armadas é velar pela Constituição do país e anunciou que será aberta uma investigação contra os militares que assinaram a carta sugerindo um golpe.
“É inaceitável que um grupo de aposentados das Forças Armadas tente incitar o alto comando do Exército, da Marinha e da Aeronáutica a quebrar o Estado de Direito. Na minha qualidade de presidente constitucional da República, rejeito este tipo de comunicação que não só é contrária aos valores e às instituições democráticas, mas também está em conflito com a Constituição e as leis”, disse o atual mandatário.
Encabeçadas por Keiko Fujimori, alegações de supostas irregularidades na campanha já foram desmentidas pelo Júri Eleitoral peruano e comissões de observadores internacionais que acompanharam o segundo turno no país.
A filha do ex-ditador Alberto Fujimori chegou a dizer que a “esquerda internacional” estaria tentando modificar o resultado do pleito. Ela alega, sem apresentar provas, que houve fraude nas eleições e tenta anular pelo menos 200 mil votos – a maioria no sul, região onde Castillo foi vitorioso.
(*) Com Brasil de Fato e Télam,
