A Justiça Eleitoral do Peru confirmou que o pedido para prorrogar o prazo para a apresentação de recursos que poderiam anular votos e reverter a vantagem do candidato de esquerda Pedro Castillo nas eleições presidenciais foi apresentado pelo partido da candidata derrotada Keiko Fujimori.
Em nota oficial, publicada na madrugada deste sábado (12/06), o Júri Nacional Eleitoral (JNE) disse que “o pedido de ampliação de prazo foi apresentado pela organização política Força Popular e não pelos senhores magistrados Luis Carlos Arce e Jorge Rodríguez Vélez”.
O órgão ainda destacou que “a vontade cidadã expressada nas urnas será plenamente respeitada” e que se deve “esperar os resultados com civismo e calma que os princípios democráticos exigem”.
Até às 10h30 deste sábado, a apuração alcançava 99,88% dos votos contabilizados, e Castillo é o virtual presidente eleito do país, superando Keiko por mais de 50 mil votos.
Veja os últimos números da apuração:
Na noite de sexta-feira (11/06), o plenário do JNE voltou atrás da decisão tomada horas antes de, contrariando a legislação peruana, prorrogar o prazo permitido para que as legendas possam entrar com recursos de anulação de atas da votação do segundo turno presidencial. Segundo a imprensa peruana, a medida foi revertida por três votos a um no plenário do órgão.
A informação de que o JNE prorrogaria o prazo para aceitar pedidos de anulação de votos foi divulgada pelos principais veículos do país, como os jornais La Republica, El Comercio e pela revista Caretas. Entretanto, horas depois do partido de Pedro Castillo, o Peru Livre, ter condenado a decisão, o JNE voltou atrás e revogou a prorrogação do prazo.
Apesar de legalmente oferecer a possibilidade para ambos os partidos apresentarem novos recursos, a medida poderia beneficiar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, que está perdendo a eleição e já havia anunciado, na noite do mesmo dia em que o prazo se esgotou, que entraria com recursos para tentar anular 200 mil votos por uma suposta fraude para a qual, até agora, não obteve nem apresentou provas.
#Comunicado | JNE deja sin efecto acuerdo para ampliar plazo sobre recursos de nulidad, a fin de cumplir con sentencia del TC pic.twitter.com/DLx0F4GD0Z
— JNE Perú (@JNE_Peru) June 12, 2021
ANDINA
Pedido de prorrogação no prazo para apresentar recursos que poderiam anular votos foi feito pelo partido da candidata de extrema direita
Segundo o porta-voz e assessor político do Peru Livre, Aníbal Torres, se a decisão se confirmasse, isso simbolizaria o início de uma fraude nas eleições. “Se o JNE ampliar prazo para a apresentação de recursos, estaria fazendo em conluio com o partido de Keiko, mostrando que não haveria mais eleições limpas e uma fraude se consumaria ali, no JNE”, disse.
Pelo Twitter, o próprio Pedro Castillo condenou a medida e disse que, se confirmada a prorrogação, o ato estaria “violando a ordem eleitoral”. “Invoco o presidente do JNE a se pronunciar apresentando segurança jurídica ao processo. Por fim, conclamamos o povo peruano a ficar em alerta”, disse Castillo.
A vice na chapa no Peru Livre, Diana Balouart, disse que o partido está “preocupado” com as ações da Justiça Eleitoral e que os atos representam uma tentativa de mudar “a vontade do povo”.
“O JNE não pode manusear a vontade do povo. Denunciamos esse fato à população e convocamos o povo peruano a estar alerta, a dizer ao JNE que o povo já decidiu que o vencedor autêntico dessa disputa eleitoral é o professor Pedro Castillo”, disse.