Levantamento divulgado pelo instituto Ipsos logo após o fechamento das urnas na França mostra que os eleitores do esquerdista Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) no primeiro turno tiveram grande participação na reeleição do presidente Emmanuel Macron (A República em Marcha) no segundo turno deste domingo (24/04).
De acordo com a pesquisa, quatro em cada dez eleitores (42%) votaram em Macron; 17% escolheram Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional); 17% votaram em branco e outros 24% se abstiveram. Mélenchon ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 7,7 milhões de votos.
Por sua vez, a maior parte dos eleitores da direitista Valérie Pécresse (Republicanos) também se decidiu por Macron (53% contra 18% para Le Pen). Ela ficou em 5º lugar, com 1,68 milhão de votos. Já os eleitores de Éric Zemmour (Reconquista!), o outro extremista de direita que disputou a eleição, se decidiram em sua maioria por Le Pen (53%). Ele terminou o primeiro turno em 4º, com 2,5 milhões de votos.
Veja os números:
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Logo após o primeiro turno, pesquisa semelhante apontava que 34% dos eleitores de Mélenchon votariam em Macron, 30% em Le Pen e outros 36% não informaram sua preferência.
‘Nenhum voto em Le Pen’
Ao final do primeiro turno, em 10 de abril, Mélenchon pediu a seus eleitores que não votassem em Le Pen – mas não apoiou Macron.
‘Nós sabemos em quem votar. Nós não podemos dar nenhum voto a Le Pen. Vocês não devem dar nenhum voto a Le Pen”, afirmou.
Em 2017, ele não havia dado nenhuma orientação aos eleitores. Na época, o partido França Insubmissa fez uma consulta online com militantes, que decidiram pela abstenção ou pelo voto em branco.
Neste domingo, Mélenchon falou em ‘terceiro turno’, por conta das eleições legislativas marcadas para 12 e 19 de junho.
“O ‘terceiro turno’ começou e é essencial que as forças unidas da esquerda – a nova União Popular – consiga a maioria na Assembleia Nacional”, disse. Caso isso ocorra, o próprio Mélenchon pode acabar virando primeiro-ministro.
O esquerdista comemorou a derrota de Marine Le Pen. “Ela foi vencida. A França claramente se recusou a confiar seu futuro nela, e isso é uma boa notícia para a unidade do nosso povo”, afirmou.
Ao mesmo tempo, Mélenchon lembrou que Macron obteve um resultado pouco largo frente à opositora. “Emmanuel Macron se tornou o presidente com a pior eleição da Quinta República. A vitória dele flutua em um oceano de abstenções e votos nulos”, disse.