Após votar em Caracas, o candidato da coalizão de oposição Plataforma Unitária Democrática (PUD) da Venezuela, Edmundo González Urrutia, declarou estar confiante de que as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) “respeitarão” o resultado das urnas nas eleições deste domingo (28/07) que contemplam mais de 21 milhões de venezuelanos.
O voto do opositor ocorreu por volta das 11h40 no horário local (12h40, pelo horário de Brasília) no bairro de Las Mercedes, região nobre da capital venezuelana.
“Confiamos que as Forças Armadas respeitarão a decisão do nosso povo”, afirmou Urrutia à imprensa, ao deixar o local de votação. “Vamos trocar o ódio pelo amor, vamos trocar a pobreza pelo progresso, vamos trocar a corrupção pela honestidade, vamos trocar as despedidas pelo reencontro”.
O opositor também agradeceu aos mesários, referindo-se a eles como “a garantia de que respeitaremos a vontade dos venezuelanos”, e pediu para a população verificar as informações que recebe, uma vez que “hoje é um dia em que os profissionais do boato estão muito ativos, querendo confundir o povo”.
Saudação rejeitada
À tarde, membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) rejeitaram o cumprimento da opositora María Corina Machado, deixando-a com a mão estendida diante da presença da imprensa após os “maus tratos”, como se refere o jornal El Universal, da oposição à instituição militar. O momento foi registrado quando a ex-candidata inabilitada chegou à escola Los Chorros, em Caracas, para exercer seu direito de voto.
Por meio de um vídeo transmitido nas redes sociais, é possível ver Corina Machado oferecendo a mão a dois soldados. No entanto, ambos se recusam a cumprimentá-la. Sem a esperada reação, ela seguiu seu caminho, entrando pela porta do colégio eleitoral.
🇻🇪 | Este vídeo se ha hecho viral en redes:
Militares venezolanos rechazan darle la mano a la política opositora Maria Corina Machado.#VenezuelaElige #Venezuela pic.twitter.com/rX5flB5Kfs
— OɾιoƖ Sabata (@oriolsabata) July 28, 2024
O momento simboliza a rejeição das forças militares da Venezuela contra a candidatura de Urrutia, uma vez que um dos planos de governo propostos pela oposição visa desmantelar as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB).
Ministro da Defesa garante segurança nas eleições
Por sua vez, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, garantiu que a segurança nas eleições presidenciais estava sendo garantida por suas instituições “sem nenhum tipo de armadilha” e com uma participação massiva nas urnas.
O comandante-chefe das FANB endossou Maduro para destacar que o “jogo democrático” está em andamento e que suas instituições estão prontas para aplicá-lo, respeitando os resultados do fim do dia.
“São as regras da democracia, estão escritas e são mais do que conhecidas. O presidente Nicolás Maduro deu o exemplo nisso, é o primeiro a sair para respeitar os resultados e, claro, o jogo é democrático”, disse Padrino López à tarde, após votar.
Quem é Edmundo González Urrutia?
Edmundo González Urrutia é o principal opositor da disputa eleitoral na Venezuela. Trabalhou no Ministério das Relações Exteriores do país e foi embaixador do país na Argélia e na Argentina. Ele apresentou poucas propostas concretas durante a campanha eleitoral. Nos comícios e entrevistas, Urrutia focou seu discurso no enfrentamento ao chavismo e na possibilidade de uma transição de governo.
A única área que Edmundo trata com mais confiança é justamente aquela em que fez carreira. Nas relações exteriores, o ex-embaixador promete se aproximar dos Estados Unidos e deixar de lado os países com os quais a Venezuela fez convênios nos últimos anos. Rússia e Irã são alguns dos laços que ele pretende romper se chegar à Presidência.
No começo da campanha, Urrutia se recusou a participar de comícios e quem era a responsável por tentar popularizar o nome do ex-embaixador era María Corina Machado, inabilitada por 15 anos pela Justiça venezuelana. Acompanhada de uma foto do candidato, ela organizou passeatas em diferentes cidades para apresentá-lo aos eleitores.
(*) Com Brasil de Fato