Biden apoia proposta de Celso Amorim para novas eleições na Venezuela; Casa Branca diz que ele se confundiu
Sugestão de outra disputa presidencial defendida pelo presidente Lula é rejeitada tanto pela oposição de extrema direita, quanto por autoridades do partido governista em Caracas
(*) Atualizada em 15 de agosto, às 19h17
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou durante uma coletiva em Washington, nesta quinta-feira (15/08), que apoiaria a realização de uma nova eleição na Venezuela, proposta anteriormente defendida pelo mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim.
No entanto, após a declaração ganhar repercussão, a Casa Branca emitiu uma nota desmentindo o posicionamento do mandatário norte-americano ao afirmar que ele não teria entendido a pergunta feita por um jornalista, que questionou se o presidente apoiaria a possível realização de uma nova votação no país sul-americano. O democrata respondeu apenas que “sim”.
“O presidente estava falando sobre o absurdo de Maduro e de seus representantes não estarem sendo transparentes sobre as eleições de 28 de julho”, reiterou um porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca em nota encaminhada ao portal Metrópoles. Segundo Washington, Biden se referiu a defender o respeito à vontade do povo venezuelano.
Ainda durante a coletiva, o mandatário dos EUA falou sobre a necessidade da ampliação de “observadores internacionais como uma solução potencial para a crise política no país”.
Apesar da afirmação, o pleito realizado em 28 de julho contou com observadores internacionais de diversos países, inclusive representantes brasileiro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Como exemplo, observadores internacionais do sul da Itália certificaram a transparência e confiabilidade do sistema eleitoral venezuelano após participarem do programa de acompanhamento das eleições presidenciais.

Mandatário dos EUA ainda sugeriu que nova disputa envolvesse “observadores internacionais como uma solução potencial para a crise política no país”
Durante uma reunião no Consulado Geral da Venezuela em Nápoles, os representantes italianos mencionaram ter visitado cinco centros eleitorais no dia do pleito e ressaltaram a ausência de provas que confirmem a vitória da oposição de extrema direita.
A Venezuela vive num impasse político após o atual presidente Nicolás Maduro ser reeleito com 51,2% dos votos segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas a oposição de extrema direita liderada por María Corina Machado e o ex-candidato Edmundo González acusar fraude eleitoral, autodeclarando-se vitoriosa.
Oposição e chavismo rejeitam possibilidade de novas eleições
O presidente Lula defendeu a proposta de realizar novas eleições na Venezuela a fim de resolver o impasse político no país ao dizer que “ainda não” reconhece os resultados que reelegeram Maduro, em entrevista à Rádio T, de Curitiba, nesta quinta-feira (15/08). Antes de ser sugerida pelo mandatário brasileiro, a sugestão foi defendida por Celso Amorim na última terça-feira (13/08).
A ideia também foi abraçada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que ao lado de Andrés Manuel López Obrador, do México, compõe com o Brasil e Lula os países latino-americanos que realizam um esforço diplomático em meio à crise política.
No entanto, a líder da oposição de extrema direita pela coalizão Plataforma Unitária, María Corina Machado, rejeitou a sugestão de Biden, Lula e Petro.
“A eleição já aconteceu”, respondeu sobre o assunto a jornalistas, classificando a proposta como “falta de respeito” com os venezuelanos. Por sua vez, autoridades do governo venezuelano também descartaram a proposta, segundo a Reuters.