O jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, defendeu nesta quarta-feira (14/08) que o governo brasileiro respeita a autodeterminação da Venezuela no que tange seu processo eleitoral e o resultado do pleito presidencial, que deu vitória a Nicolás Maduro.
Segundo Altman, o governo Lula precisa “voltar ao leito natural de sua política externa” e reconhecer o resultado que reelegeu Maduro assim que a Justiça o sentenciar, “sem desvios intervencionistas”.
O governo @LulaOficial precisa voltar ao leito natural de sua política externa e respeitar a autodeterminação venezuelana. Assim que a corte suprema dessa nação soberana sentenciar o resultado final das eleições, só cabe reconhecê-lo de imediato, sem desvios intervencionistas.
— Breno Altman (@brealt) August 14, 2024
A fala do jornalista ocorreu após o assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, sugerir que sejam realizadas novas eleições na Venezuela como forma de superar o impasse eleitoral após o pleito de 28 de julho, do qual, sem apresentar provas, a oposição fala em fraude.
Opera Mundi confirmou sobre a sustentação de Amorim com fontes do Planalto. No entanto, a sugestão do diplomata “não tem nenhuma proposta oficial” e carece de um posicionamento do governo brasileiro, uma vez que ela, apesar de ter sido apresentada ao presidente Lula, não foi formalizada.
Lula segue sustentando a divulgação das atas eleitorais para comprovar o resultado das eleições e a transparência do sistema eleitoral venezuelano.
Quanto a posição de Amorim, Altman disse ser “absurda” a ideia, argumentando que a sugestão é um “desrespeito à soberania de um país aliado.
“Simplesmente absurda a ‘ideia embrionária’ que Celso Amorim estaria apresentando ao presidente Lula, de novas eleições presidenciais na Venezuela. Não passa de desrespeito à soberania de um país aliado, além de capitulação à pressão golpista dos EUA e da União Europeia”, disse.
México rompe com Brasil e Colômbia
Na terça-feira (13/08), o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que não vai falar com os presidentes Lula e Gustavo Petro (Colômbia) até que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) emita um posicionamento sobre as eleições do país.
Obrador faz referência a judicialização do processo eleitoral venezuelano. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE) atrasou a divulgação dos resultados detalhados alegando que houve um ataque hacker contra o sistema eleitoral.
O TSJ investiga o caso, recolheu todo o material eleitoral do órgão e ouviu nove dos 10 candidatos que disputaram o pleito. Só o opositor Edmundo González Urrutia não compareceu.
Brasil, Colômbia e México têm se organizado para mediar a situação que envolve as eleições da Venezuela e já emitiram duas notas sobre o processo eleitoral, pedindo divulgação das atas eleitorais pelo CNE.