Para o fundador de Opera Mundi e jornalista Breno Altman o governo brasileiro “está apoiando o processo democrático e eleitoral na Venezuela” ao enviar a “mão direita” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assessor especial da Presidência do Brasil para assuntos internacionais, Celso Amorim, a Caracas para acompanhar o pleito venezuelano.
“Eu acredito que as tensões que ocorreram ficarão para trás e o Brasil vai operar neste momento como um defensor internacional da legitimidade do processo eleitoral aqui na Venezuela”, afirmou Altman em fala durante a entrevista ao jornalista Jorge Gestoso, à rede televisiva Telesur, na noite de sábado (27/07).
“Creio que houve muita pressão sobre o governo brasileiro para que, por exemplo, não enviasse um representante ao processo eleitoral, o que seria compreendido pelo mundo como uma desconfiança do presidente Lula em relação às eleições. A chegada de Celso Amorim muda isso.”
As “tensões” mencionadas por Altman são referentes aos atritos gerados com algumas lideranças sul-americanas, na última semana, após o presidente e candidato à reeleição, Nicolás Maduro, ter declarado em comício na data referente a 18 de julho que, em caso de vitória do candidato oposicionista Edmundo González, haveria um “banho de sangue” na Venezuela.
No entanto, o mandatário explicou que o termo a que ele se referiu seria promovido pela própria direita: “eu disse que se a extrema direita chegasse ao poder na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue, em 27 e 28 de fevereiro”, esclareceu.
A data usada por Maduro faz referência ao Caracazo, movimento realizado em 1989 contra as medidas liberais do então presidente Carlos Andrés Perez. Ao todo, organizações sociais e familiares de vítimas contabilizaram 396 mortes a partir dos confrontos daqueles dias. O presidente disse que a história mostrou que esse tipo de atitudes é “um banho de sangue”.
Assista ao trecho da entrevista:

Altman ainda lembrou que, em nenhuma eleição presidencial, cabe a um chefe de Estado ir a outro país para acompanhar o pleito – algo que a imprensa internacional tem questionado.
“Porque justamente o que diz a imprensa internacional é que por que Lula não veio. E então, o que respondemos? Não cabe a um presidente vir às eleições em outro país. O presidente Lula com certeza estará aqui em janeiro para a posse de Nicolás Maduro em seu terceiro mandato”, disse, destacando que nenhuma outra figura seria “tão representativa quanto Celso Amorim como representante” nas eleições venezuelanas.
Por fim, Altman também recorda que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil cancelou o envio de seus técnicos escalados para observadores pelo motivo de que “a força de direita tem muito peso no Judiciário brasileiro”. No entanto, que Lula “fez a questão de enviar seu mais qualificado porta-voz para temas internacionais”.

Assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim desembarcou em Caracas na sexta-feira (26/07) para acompanhar o pleito venezuelano
Maduro expressa confiança
O presidente Nicolás Maduro, que tenta sua segunda reeleição para conquistar seu terceiro mandato consecutivo, realizou seu voto logo no início da abertura das urnas na Venezuela, neste domingo.
O candidato da coalizão progressista Grande Pólo Patriótico (GPP) votou em uma escola no centro de Caracas. Ele chegou em sua zona eleitoral por volta das 6h20, acompanhado da primeira-dama Cilia Flores, que também realizou seu voto no mesmo colégio eleitoral.
Após realizar seu voto, Maduro deu uma rápida entrevista, na qual enfatizou que “esta eleição está acontecendo em clima de paz e confiamos que seguirá assim até o final da jornada”.
O presidente venezuelano também disse confiar em sua vitória e na da sua coalizão. Segundo ele, “o povo reconhece que nós somos garantia de paz e estabilidade, a única garantia de paz que este país tem para continuar a construir bem-estar para todos”.