O governo da Venezuela rebateu nesta sexta-feira (02/08) o Departamento de Estado norte-americano ao classificar como “ridículas” as declarações atribuídas ao secretário de Estado, Antony Blinken, de que o candidato da oposição venezuelana, Edmundo González, da Plataforma Unitária de extrema direita, tenha recebido mais votos nas eleições presidenciais.
Ao criticar o comunicado publicado na noite anterior pelo órgão dos Estados Unidos, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano afirmou que o governo de Washington está na “vanguarda do golpe de Estado” que se articula contra a Venezuela.
“A Venezuela rejeita as graves, e ainda mais ridículas, declarações atribuídas ao Secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken, nas quais pretende assumir o papel do Poder Eleitoral Venezuelano, demonstrando que o Governo dos Estados Unidos está na vanguarda do Golpe de Estado que se pretende contra a Venezuela, promovendo uma agenda violenta contra o povo venezuelano e as suas instituições”, afirma a nota.
#Comunicado 📢 Venezuela rechaza las graves, y aún más ridículas declaraciones, atribuidas al Secretario de Estado de los Estados Unidos Antony Blinken, en las cuales pretende asumir el papel del Poder Electoral venezolano, demostrando que el Gobierno de los Estados Unidos está… pic.twitter.com/wXBDYocFKI
— Yvan Gil (@yvangil) August 2, 2024
A chancelaria também denunciou a postura dos Estados Unidos classificando-a como uma “manobra perversa” que recorre “à mentira e à manipulação” como forma de construir uma narrativa falsa e incentivar os atos violentos no país. Destacou ainda que, ao longo de 25 anos, o governo norte-americano tentou sucessivas vezes derrubar o governo bolivariano, mas que nunca obteve sucesso.
‘Tirem o nariz da Venezuela’
Durante uma reunião realizada na noite de quinta-feira (01/08) com um grupo de representantes dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), o presidente reeleito Nicolás Maduro também rejeitou as declarações de Antony Blinken, criticando que os Estados Unidos querem interferir nos assuntos internos do país. O mandatário pediu que Washington “tire o nariz da Venezuela”.
“Os Estados Unidos saem para dizer que a Venezuela tem outro presidente. Os Estados Unidos devem enfiar o nariz para fora da Venezuela porque o povo soberano é quem governa na Venezuela, quem coloca, quem escolhe, quem decide”, disse ele.
Segundo o presidente, o candidato da oposição Edmundo González “é um assassino e agente da CIA” que foi nomeado pelo governo norte-americano como o “novo Guaidó”. Juan Guaidó, ex-deputado venezuelano, autoproclamou-se presidente do país sul-americano em 2019 e foi um dos responsáveis pela Operação Gideão para tentar um golpe de Estado contra Maduro.
“Os Estados Unidos nomearam um novo Guaidó: Edmundo González Urrutia, que é um assassino, um agente da CIA ligado ao assassinato de religiosos em El Salvador nos anos 80”, afirmou.
As declarações de Maduro foram feitas pouco depois que o governo de Washington, sem provas, lançou um comunicando alegando que o vencedor das eleições na Venezuela foi Edmundo González Urrutia.
“Dadas as evidências esmagadoras, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia teve o maior número de votos nas eleições de 28 de julho na Venezuela“, dizia a nota publicada pelo Departamento de Estado norte-americano, em falas atribuídas ao secretário Antony Blinken.
“Os EUA são o CNE, o demônio fascista é o CNE?”, questionou Maduro.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), por sua vez, divulgou no domingo (28/07) o resultado das eleições que indicou a vitória do atual presidente com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo, com 80% das urnas apuradas.
(*) Com Telesur