A Justiça da Venezuela acatou nesta segunda-feira (02/09) um pedido do Ministério Público (MP) para emitir um mandado de prisão contra o candidato presidencial da oposição de extrema direita, Edmundo González Urrutia.
O pedido de prisão ocorre após o candidato ter ignorado três intimações do MP para comparecer a um tribunal e explicar a divulgação das atas eleitorais em um site criado pela coalizão ultradireitista Plataforma Unitária Democrática (PUD), na qual o diplomata de 75 anos é indicado como vencedor do pleito presidencial.
González, que rejeita o resultado eleitoral do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que definiu a reeleição do presidente Nicolás Maduro e se autoproclama vencedor, é acusado de “usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência das leis do Estado, conspiração, sabotagem para prejudicar sistemas e associação terrorista”.
Em pronunciamento em seu programa semanal na TV, Maduro chamou o rival de “covarde”.
“Ninguém neste país está acima das leis e instituições como fingiu o covarde Edmundo González Urrutia, o escondido, como o chamo. Ele finge estar acima das leis, o Ministério Público o convocou três vezes e ele não compareceu, porque também não reconhece o Ministério Público. Em nenhum país isso é possível. É inadmissível”, disse Maduro no 55º programa Con Maduro+.
A líder da PUD, María Corina Machado, também investigada pelo MP, afirmou que a ordem de prisão contra González só vai “aumentar o apoio dos venezuelanos e do mundo” ao candidato de oposição. No entanto, González vive em um estado de semiclandestinidade e não aparece em público desde 30 de julho.
Vale lembrar que em 22 de agosto, após finalizado o processo de auditoria das atas relativas às eleições, o Supremo Tribunal de Justiça venezuelano (TSJ, por sua sigla em espanhol) certificou os resultados emitidos pelo CNE, os quais indicam a vitória de Maduro com 51,92% dos votos válidos, enquanto a derrota de González, com 43,18%.
O órgão máximo do Poder Judiciário do país determinou que não foram encontradas irregularidades nas atas eleitorais.
A decisão foi anunciada pela magistrada Caryslia Beatriz Rodríguez, presidente da Sala Eleitoral do TSJ, que destacou que os boletins entregues pelo CNE apresentam informações consistentes em comparação com os relatórios emitidos pelas máquinas eleitorais em cada um dos centros de votação.
“As informações contidas nas atas mostram plena concordância com os dados apresentados nos relatórios de cada centro de votação, em um processo que durou dias e que respeitou os mais altos padrões de transparência, verificados por observadores nacionais e estrangeiros que acompanharam os trabalhos”, explicou a juíza.
(*) Com Ansa, Telesur e Deutsche Welle