O presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a defender a divulgação imediata das atas na Venezuela e afirmou que “ainda não” reconhece o resultado eleitoral de 28 de julho que definiu a vitória de seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro.
“Ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso”, disse o mandatário brasileiro durante uma entrevista concedida à Rádio T, na capital paranaense de Curitiba, onde cumpre sua agenda nesta quinta-feira (15/08).
“Nós queremos que o Conselho Nacional (Eleitoral) que cuidou das eleições diga publicamente quem ganhou porque até agora ninguém disse quem ganhou”, acrescentou.
Durante a entrevista, Lula enfatizou diversas vezes a necessidade da apresentação dos dados eleitorais por um meio “confiável”. Entretanto, afirmou que se o presidente venezuelano tiver “bom senso”, ele poderia convocar novas eleições criando um comitê eleitoral “supra partidário” que amplifique a participação de observadores internacionais.
“O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Só termina em janeiro que vem. Se ele tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral supra partidário que participe todo mundo e deixar que entre olheiros do mundo inteiro”, sugeriu Lula, acrescentando que também seria válida a definição de “um governo de coalizão”, no qual pudessem integrar figuras oposicionistas.
A ideia de “novas eleições” mencionada pelo presidente brasileiro já havia sido levantada “de forma informal” pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim, e estava sendo sondada nos bastidores do Planalto, conforme a apuração de Opera Mundi. O governo como um todo, no entanto, não chegou a um consenso e, portanto, não há uma posição oficial em relação à proposta, no momento.
O Brasil, junto com o México e a Colômbia, tenta mediar um “diálogo” entre o candidato opositor venezuelano, Edmundo González Urrutia, e Nicolás Maduro. Nesta semana, a tríade realizou mais uma rodada de conversa, embora os detalhes da reunião não tenham sido divulgados em público.
“Estamos tentando trabalhar a possibilidade de encontrar uma saída”, disse o mandatário brasileiro.
À Rádio T, Lula também deixou claro não ser razoável que um presidente da República faça “palpites” sobre a política de uma outra nação.
“O que eu não posso é ser precipitado e tomar uma decisão. Da mesma forma que eu quero que respeitem o Brasil, eu quero respeitar a soberania dos outros países”, pontuou.