O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva voltou a declarar nesta sexta-feira (30/08) que não reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições da Venezuela realizadas em 28 de julho, ao explicar que não competia ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ, por sua sigla em espanhol) do país dar o parecer sobre as atas de votação.
“Era esse colégio [Conselho Nacional Eleitoral] que tinha que dar o parecer sobre as atas. Acontece que o presidente Maduro não ouviu esse colégio e passou direto para a Suprema Corte. Eu não estou questionando a Suprema Corte, apenas acho que, corretamente, deveria passar pelo colégio eleitoral que foi criado para esse fim”, apontou o mandatário durante entrevista a Rádio MaisPB, de João Pessoa, na Paraíba, onde cumpre agenda oficial.
Após o processo de auditoria das atas e documentos relativos ao pleito venezuelano, em 22 de agosto o TSJ determinou que não foram encontradas irregularidades.
Desta forma, o órgão máximo do Poder Judiciário do país caribenho decretou a certificação dos resultados emitidos propriamente pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que apontaram a vitória de Maduro, com 51,92% dos votos válidos. Edmundo González Urrutia, representante da coalizão de extrema direita Plataforma Unitária, ficou em segundo lugar, com 43,18%.
O Brasil, junto com o México e a Colômbia, compõem a tríade de países latino-americanos que tentam mediar a crise política desencadeada pelos opositores ultraconservadores que não reconhecem o resultado eleitoral na Venezuela.
“Eu tomei muito cuidado. Reuni o México e a Colômbia para a gente tomar uma decisão conjunta. O presidente López Obrador do México resolveu não assinar porque ele está apenas a quinze dias de deixar a Presidência. Ele resolveu não assumir”, disse Lula, afirmando que ele e o mandatário colombiano Gustavo Petro exigem “prova” do país caribenho.
Por outro lado, López Obrador deixou claro que prega o “respeito” à decisão da Justiça e da soberania venezuelana, condenando todo tipo de “intervencionismo ou ânsia de imposição com carga ideológica”.
Durante a entrevista, o presidente do Brasil enfatizou suas boas relações com o ex-líder venezuelano Hugo Chávez, e acrescentou que já “ajudou muito” a nação liderada por Maduro. No entanto, alertou que o atual mandatário da Venezuela terá que assumir as “consequências” de suas ações.
“Ele arque com as consequências do gesto dele. E eu arco com as consequências do meu gesto. Eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito, mas muito e muito”, concluiu.
(*) Com Ansa