O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiou nesta sexta-feira (02/08) a iniciativa conjunta de Brasil, México e Colômbia para solucionar a crise que envolveu o país após a divulgação dos resultados eleitorais do domingo (28/07). Durante coletiva de imprensa na sede do governo, no Palácio Miraflores, em Caracas, o presidente reeleito, em resposta a questionamento da reportagem do Brasil de Fato, disse que o comunicado dos três países foi “muito bom”.
“Os presidentes Lula, Petro e López Obrador estão trabalhando juntos para que se respeitem a Venezuela, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo”, respondeu.
“Divulgaram ontem um comunicado muito bom, muito bom. Agradeço a Petro, López Obrador e Lula, em nome da Venezuela”, completou Maduro.
O presidente venezuelano disse que a declaração do secretário de Estado dos EUA, na noite de quinta-feira (01/08), reconhecendo a vitória de seu opositor – Edmundo González – teria sido fruto de “desespero”.
“Duas horas depois que eles se pronunciaram, veio a declaração de Blinken. O que ele fez foi responder a iniciativa soberana destes três países para evitar danos à Venezuela. Por isso que ele se desesperou e, num gesto incomum da diplomacia norte-americana, diz que já tem o resultado”, disse Maduro.
“Passo em falso de Blinken”, disse Maduro sobre o comunicado do secretário de Estado dos EUA, que afirmou, sem apresentar provas, que o vencedor das eleições da Venezuela foi Edmundo González Urrutia.
Ele voltou a dizer que os EUA estariam por trás dos ataques cibernéticos contra o sistema eleitoral venezuelano, como parte de uma conspiração para tirá-lo do poder. Maduro disse ainda ter falado por telefone com Lula “há 15 dias” e estar em comunicação direta tanto com o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, como com o chanceler, Mauro Vieira.
Plano de atentado na Venezuela
Antes, o presidente havia afirmado que o governo tomou conhecimento do plano de um suposto atentado em Caracas em um ataque com granadas, previsto para o sábado (03/08), e apresentou dois áudios de conversas de pessoas que estariam planejando o ataque.
“Alerto toda a Venezuela sobre possíveis ataques amanhã, pelos comandados por [Maria Corina] Machado e com o conhecimento de [Edmundo] González Urrutia. Espero que dissipemos mais essa emboscada.”
O presidente ainda afirmou que o caminho adotado por seu governo é o “caminho eleitoral”, apesar de “os Estados Unidos tentar nos levar para o caminho de uma revolução popular”. “Nosso caminho é o caminho constitucional, eleitoral, pacífico, dialogante”, disse Maduro, que afirmou que o país está sendo alvo de um “golpe de Estado, dirigido pelos Estados Unidos e pela internacional fascista de Elon Musk e Milei”.
Judicialização da disputa
O presidente venezuelano apontou que apesar do Tribunal Supremo de Justiça do país ter convocado os dez candidatos que participaram das eleições, apenas nove compareceram. “O sr. González Urrutia não compareceu ao chamado do Tribunal.”
A seção da mais alta corte do Judiciário venezuelano era oportunidade para a apresentação de provas, na abertura das investigações sobre o resultado do pleito. A investigação foi provocada por um recurso apresentado por Nicolás Maduro, candidato declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral. “Foram múltiplos chamados e gritos de fraude desse setor da extrema direita radical e violenta da Venezuela”, disse Maduro
O sistema eleitoral do país ainda não divulgou o resultado segmentado das mesas eleitorais da Venezuela por um suposto ataque cibernético contra o sistema do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Maduro também disse que esse “ataque hacker” precisa ser investigado.
O CNE tem um período de 30 dias para publicar o resultado completo das eleições no Diário Oficial. As atas, no entanto, não são publicadas.