O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recusou na quinta-feira (15/06) o que chamou de “diplomacia do microfone” ao referir-se às posições de Colômbia, Brasil e Estados Unidos acerca de novas eleições presidenciais no país.
Maduro afirmou que “cada presidente, Estado e país sabe o que deve fazer com os seus assuntos internos ”.
A fala do presidente reeleito na Venezuela ocorreu após Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Gustavo Petro (Colômbia) se posicionaram sobre as eleições na Venezuela, indicando que uma possível nova rodada de votação seria uma possibilidade para solucionar a crise eleitoral no país.
Lula comentou que Maduro “sabe que está devendo uma explicação para o mundo”. Mais tarde, Petro publicou no X (antigo Twitter) o que acredita ser o caminho para a Venezuela, incluindo o fim das sanções, anistia a todos os atores políticos, um governo de transição e eleições.
Em resposta, sobre o Brasil, Maduro disse que o governo Bolsonaro “aliado à extrema direita fascista da Venezuela, também gritou fraude e não aceitou a derrota” nas eleições de 2022, apontando que foi a Justiça brasileira quem decidiu: “e ninguém saiu do governo da Venezuela ou do mundo a pedir nada. Decidiu o Tribunal? Santa palavra do tribunal do Brasil. É uma questão do Brasil”.
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Maduro recordou que no 8 de janeiro, quando golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, Caracas condenou a “violência do fascismo” e afirmou: “não praticamos jamais a diplomacia do microfone”.
Segundo o Jamil Chade do Uol, o mandatário busca uma ligação telefônica com Lula desde a eleição de 28 de julho, mas o Palácio do Planalto tem evitado a conversa.
‘Nunca vou dizer o que a Colômbia deveria fazer’
Quanto à posição de Petro, Maduro disse que ele e seu homólogo colombiano conversam com certa frequência sobre diversos temas, que as relações entre os dois “vão bem”.
“Mas eu nunca praticaria a diplomacia do microfone com a Colômbia. Nunca, eu nunca farei isso. Eu sou o fiador da negociação de paz. A Venezuela é fiadora e nunca opinarei sobre o que a Colômbia deveria fazer para superar a guerra que é terrível, cada vez pior. Não, nunca vou dizer: Colômbia, o seu governo deve fazer isto e publicar conselhos nas minhas redes sociais”, disse.
O venezuelano garantiu que continuará a ajudar a Colômbia em seu plano de paz. “Mas sem intervir nos assuntos internos”.
Além da Colômbia, Maduro também comentou em relação ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. De acordo com ele, o democrata faz parte de uma “diplomacia intervencionista“.
Biden respondeu de forma positiva quando jornalistas perguntaram se ele era favorável a uma nova eleição na Venezuela. Porém, horas depois, a Casa Branca desmentiu o presidente, indicando que ele havia entendido outra coisa na pergunta.
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“Ele [Biden] dá um parecer e meia hora depois alguns porta-vozes do Departamento de Estado negam. Quem dirige a política externa dos EUA? Que o presidente diga alguma coisa e depois o seu próprio Ministério das Relações Exteriores e a própria Casa Branca neguem?”, questionou.
Nesse sentido, o chefe de Estado venezuelano rejeitou total e vigorosamente as reivindicações do governo norte-americano para se estabelecer como a autoridade eleitoral da Venezuela ou de qualquer outra nação do mundo: “quem manda na Venezuela são os venezuelanos. Simples assim”.
(*) Com Sputnik Brasil e Telesur.