O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou nesta sexta-feira (23/08) que o ex-candidato presidencial Edmundo González Urrutia será intimado pelo Ministério Público (MP) do país para depor sobre as atas eleitorais falsas publicadas por sua coalizão, Plataforma Unitária, em meio à crise política que se desenrolou após as eleições em 28 de julho.
O representante da extrema direita será convocado a testemunhar sobre a sua responsabilidade em relação ao site em que foram publicados os documentos e resultados falsos sobre as eleições, na esteira da investigação do MP iniciada contra ele e a líder da coalizão, María Corina Machado, no início de agosto.
Em declarações à imprensa do país, Saab lembrou que a extrema direita “alegou fraude após as eleições, tentou se passar pelo Poder Eleitoral e publicou resultados falsos em um site não oficial, violando as leis do país”.
Segundo o procurador, a ação oposicionista ainda foi aliada ao “ataque cibernético massivo” que prejudicou a publicação das atas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
O representante afirmou que González deve responder ao MP por “usurpar funções que apenas correspondem ao Poder Eleitoral” do país.

González deve responder ao MP por “usurpar funções que apenas correspondem ao Poder Eleitoral” da Venezuela
“Ele vai ter que enfrentar o Ministério Público. Ele foi o responsável pela publicação de documentos falsificados. Não se sabe onde ele está no mundo, [González] não mostra o rosto. Mas terá que aparecer [na audiência ao MP]. Esperamos que o faça”, declarou em referência às consequentes faltas do ex-candidato às convocações do órgão judiciário desde a campanha eleitoral.
O político da oposição venezuelana não assinou o termo de compromisso sobre respeito aos resultados eleitorais ou compareceu ao depoimento frente à Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) durante as audiências sobre a veracidade das atas eleitorais.
Ademais, as supostas atas que estavam sob cuidado da oposição e indicariam vitória de González nas eleições presidenciais deveriam ter sido levadas para a audiência do TSJ, mas os representantes da Plataforma Unitária admitiram publicamente que não dispunham dos documentos.
Ao especificar a investigação aberta, Saab informou que o caso está sob responsabilidade da 58ª Procuradoria Nacional, com enfoque em crimes informáticos, e conta com organizações auxiliares para identificar servidores e páginas que “causaram ansiedade e desestabilização na população”.
Ao denunciar fraude eleitoral e publicar supostas atas que comprovariam a vitória da Plataforma Unitária, a extrema direita convocou e incentivou protestos violentos em toda a Venezuela, que deixaram 27 mortos e cerca de 130 feridos entre 29 e 30 de julho. Sobre o tema, Saab ainda assegurou a responsabilidade de González e outros representantes da extrema direita por essas vítimas.
O anúncio da convocação ocorreu após a finalização do processo de auditoria das atas relativas às eleições presidenciais pela Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), na quinta-feira (23/08).
Segundo o órgão judiciário não foram encontradas irregularidades nos documentos detalhados das urnas eleitorais, e assim decretou a certificação dos resultados emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que apontam a vitória de Nicolás Maduro, com 51,92% dos votos válidos. Já González Urrutia ficou em segundo lugar, com 43,18%.
O Procurador-Geral da República saudou a “decisão histórica” da Justiça que certificou a vitória de Maduro.
(*) Com TeleSUR