O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), defendeu nesta quinta-feira (08/08) o “respeito” à decisão eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e uma “resolução pacífica” sobre a crise desencadeada pela extrema direita na Venezuela após as eleições presidenciais que reelegeram Nicolás Maduro.
Depois de conversas com seus homólogos do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, realizadas remotamente na semana passada, o mandatário mexicano afirmou que as nações chegaram ao entendimento de que, num primeiro momento, “o mais importante é evitar o confronto e a violência” no país caribenho.
“Não queremos interferência. Mas também o que eu celebro, mais do que qualquer coisa, é que não haja violência. Quando o presidente Lula e o presidente Petro me pediram para falar sobre o assunto, concordamos que o mais importante era evitar o confronto e a violência”, declarou AMLO durante uma coletiva de imprensa.
A autoridade mexicana também se dispôs a oferecer mais apoio caso a crise continue, sem que haja “intervencionismo” ou “ânsia de imposição” com teor ideológico, respeitando, dessa forma, a soberania da população venezuelana.
“(O papel do México continuará) desde que se veja que há vontade, que há uma vocação democrática e autêntica, que não há intervencionismo ou ânsia de imposição ou carga ideológica, mas que a vontade dos venezuelanos seja respeitada”, disse o mandatário.
Pouco antes das declarações, o ministro das Relações Exteriores colombiano, Luis Gilberto Murillo, havia afirmado ver uma “luz de esperança” na gestão conjunta entre Colômbia, México e Brasil para o cenário venezuelano. O chanceler também anunciou que as três nações devem publicar um novo comunicado referente às iniciativas empreendidas por seus respectivos governos sobre a situação de Caracas, uma informação que foi antecipada por Lula durante sua passagem no Chile.
No dia anterior, a líder da oposição de extrema direita venezuelana, María Corina Machado, disse que “os termos de uma negociação clara, firme e eficaz” podem ser “estabelecidos” com o apoio dessas três nações, porque “elas têm um canal de comunicação que outros não têm com o regime” e “permaneceram em uma posição prudente”.
Ainda nesta quinta-feira, AMLO insistiu que “a autoridade eleitoral anuncie os resultados” e que o procedimento estabelecido pela Justiça “seja respeitado” na Venezuela, onde o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) já proclamou Maduro como presidente democraticamente reeleito após o pleito de 28 de julho.
“Eles até entregaram as atas (ao tribunal eleitoral). Então temos que fazer uma revisão das atas, que correspondem ao tribunal eleitoral, e saber com certeza quem triunfou, mas ninguém pode se autonomear ou se autoproclamar vitorioso se não houver um órgão eleitoral que decida”, reforçou o presidente mexicano.